sexta-feira, outubro 20, 2006

Um poema de Jason Campelo

É honra enorme receber um ataque poético.

Ainda mais de um grande amigo que se vai tornando nessa, principalmente, reta final.
Não bastasse o apoio no fechamento do Imp., o contista e tradutor Jason Campelo, me lança essa resposta às impressões que teve a partir de sua leitura.

Não há jeito melhor de revidar gesto literário. Só a arte sabe dizer sobre a arte.
E a mim poucas palavras sobram para agradecer devidamente.



(Não há momento resoluto)

Para Thiago Ponce

Puxa, me ausentar de mim nesses meio-versos!
De novo o fiasco de lê-lo qual quem dorme!
Repetir nessa presença sua inexistência de arte!
Retornar a te escrever no branco da minha leitura!
Voltar, sempre voltar (porque nunca se vai pra frente)
Cambaleia-se
E eu gostaria de reengolir essas palavras,
Sempre báquicas
Na boca dos poetas de verdade
Lêvedo, levedo, cerveja de minha cabeça
Ficar bêbedo de mim, como não me conhecesse
Como se quase eu todo, fosse um fígado novo
Como se me esvaísse em vasilha que esquecesse
Não me conhecer, depois de almas tão lívidas,
Surpreender-me cavalo, jockey, bola e as dores,
Sorrir de mim porque sou só jogos de menino
E, tal qual, encerrar-me numa caixa de cores
Ausentar-me de mim no silêncio dessas cores,
Qual a ausência no fluxo desses versos...
Fluxo?
Fluxo?
Fluxo?
Como, se o azul, o amarelo e o verde do seu silêncio
Não se ausentam do branco dos meus olhos?

terça-feira, outubro 10, 2006

Portrait of Chess Players


Marcel Duchamp, 1911