terça-feira, abril 08, 2008

Hölderlin II

A Natureza e a Arte ou Saturno e Júpiter


... Alto tu reinas no dia e a tua lei
... ... Floresce, tens na mão a balança, filho de Saturno!
... ... ... E reparte as sortes e ledo repousa
... ... ... ... Na glória das artes imortais do domínio.


... Mas dizem os Poetas que para o abismo
... ... O sacro Pai, o teu próprio, outrora
... ... ... Desterraste e que lá em baixo se chora,
... ... ... ... Onde os Indómitos estão justamente antes de ti,


... Inocente o deus da idade de ouro há já muito:
... ... Outrora sem custo e maior do que tu, embora
... ... ... Não tenha ditado nenhum mandamento
... ... ... ... E nenhum dos mortais por nome o nomeasse.


... Para baixo pois! ou não te envergonhes da gratidão
... ... E se queres ficar, serve ao mais velho
... ... ... E concede-lhe que antes de todos,
... ... ... ... Deuses e homens, o Poeta o nomeie!


... Pois, como das nuvens o teu raio, assim dele
... ... Vem o que é teu, olha! dá dele testemunho
... ... ... O que tu ordenas, e da paz
... ... ... ... De Saturno cresceu todo o poder.


... E quando eu no coração tiver algo de vivo
... ... Sentido e alvoreça o que tu formaste,
... ... ... E no seu berço tiver passado a dormir
... ... ... ... Em delícia o tempo mudável,


... Então eu te reconheço, ó Crónion! então te ouço, a ti
... ... Sábio mestre que, como nós, um filho
... ... ... Do Tempo, dás leis, e quanto
... ... ... ... O santo crepúsculo esconde, anuncias.


(tradução: Paulo Quintela)


(Hölderlin. In: Poemas)