quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Poemas de De gestos lassos ou nenhuns

Foram publicados na Revista Zunái alguns poemas do meu segundo livro, De gestos lassos ou nenhuns, a sair em 2010 pela Lumme.

Aqui vai lê-los: poemas inéditos.


Para não abandonar esse espaço, a qualquer hora venho com mais notícias da cria.

segunda-feira, maio 18, 2009

Artimanhas Poéticas

ARTIMANHAS POÉTICAS 2009


O festival literário Artimanhas Poéticas será realizado nos dias 12 e 13 de junho, no Real Gabinete Português de Leitura no Rio de Janeiro, com curadoria do poeta Claudio Daniel. O evento, que contará com a participação de críticos literários, poetas jovens e consagrados e editores de revistas, incluirá palestras, debates, recitais, lançamentos, performances musicais e de poesia sonora.


Dia 12 de junho, sexta-feira:

14h

Palestra: A crítica literária reflete a criação poética contemporânea?
Com Luiz Costa Lima


16h

Debate: As revistas literárias definem o momento literário?
Claudio Daniel, André Vallias, Márcio-André, Sérgio Cohn


Lançamento: revistas Confraria, Errática e Zunái


18h

Recital: Virna Teixeira, Camila Vardarac, Leonardo Gandolfi, Lígia Dabul, Luiz Roberto Guedes, Luís Serguilha, Rodrigo de Souza Leão, Izabela Leal.


Local: Rua Luís de Camões, 30 - Centro - Rio de Janeiro - RJ


Dia 13 de junho, sábado:

14h

Debate: Como está a poesia brasileira hoje? Com Claudio Daniel e Paulo Henriques Britto


15h
Lançamentos de livros de poesia (títulos do selo Arqueria, da Lumme, Azougue e de outras editoras.)



16h

Recital: Claudio Daniel, Diana de Hollanda, Thiago Ponce de Moraes, Gabriela Marcondes, Ismar Tirelli, Pablo Araújo, Sebastião Edson Macedo, Victor Paes, Ronaldo Ferrito


17h

Show de Tavinho Paes e Arnaldo Brandão


17h30

Performance poético-polifônica para voz, violino e processamento eletrônico, com Márcio-André


Mostra de videopoesia de Gabriela Marcondes


19h

Palestra de Richard Price, com participação de Virna Teixeira


Local: Real Gabinete Português de Leitura, rua Luís de Camões, 30 - Centro - Rio de Janeiro - RJ

sábado, março 28, 2009

COLEÇÃO POESIAS DE ESPANHA






Os 70 anos do encerramento da Guerra Civil Espanhola, um dos episódios mais cruéis e de maior impacto do séc. XX, serão lembrados no dia 1º de abril de 2009. Para marcar a data, a editora Hedra lança, no dia 3 de abril na Casa das Rosas, a coleção Poesias de Espanha: das origens à Guerra Civil, uma antologia poética em quatro volumes que reúne as literaturas galega, espanhola, catalã e basca, todas elas profundamente marcadas pela Guerra Civil Espanhola.

Os volumes que serão lançados, intitulados Poesia galega, Poesia espanhola, Poesia catalã e Poesia basca, todos com o subtítulo “das origens à Guerra Civil”, reúnem uma seleção de poemas e autores representativos dos principais períodos históricos de cada literatura, desde suas origens como manifestação literária, a partir do séc. XII, até a Guerra Civil Espanhola, encerrada em 1º de abril de 1939.

O corte temporal, além de abarcar as origens da poesia de cada uma das línguas, destaca a importância da Guerra Civil Espanhola para as quatro literaturas, simultaneamente como elemento de ruptura e fator de convergência, na medida em que representa o desaparecimento de toda uma geração de escritores perdida na guerra ou no exílio.

Com organização e tradução de Fábio Aristimunho Vargas, a antologia conta ainda com um amplo aparato crítico: uma apresentação geral à coleção seguida dos prefácios específicos para cada língua, notas biobibliográficas dos autores e poemas, um quadro sinótico, fonética sintática e guia comparativo das ortografias portuguesa, galega, castelhana, catalã e basca.

Entre os autores reunidos figuram nomes tão diversos como Martim Codax, Rosalía de Castro, Manuel Antonio (Poesia galega), Gonzalo de Berceo, Garcilaso de la Vega, Federico García Lorca (Poesia espanhola), Ausiàs March, Jacint Verdaguer, Bartomeu Rosselló-Pòrcel (Poesia catalã), Bernat Etxepare, José María Iparraguirre, Lauaxeta (Poesia basca), entre vários outros, além de composições e cantigas de origem popular.

O livro dedicado à poesia catalã foi premiado pelo Institut Ramon Llull, entidade responsável pela projeção no exterior da língua e da cultura catalãs, com sede em Barcelona, com a concessão de apoio à tradução em 2009.

SOBRE O ORGANIZADOR

Fábio Aristimunho Vargas é professor, escritor e advogado. Cursou direito e letras na USP. É mestre em direito internacional pela USP, especialista em direito internacional privado pela Universidad de Salamanca e especialista em estudos bascos pela Fundación Asmoz de Eusko Ikaskuntza e pela Universidad del País Vasco. Traduziu para o português os livros Atlas: Correspondência 2005--2007 [Edicions sèrieAlfa, 2008], do poeta valenciano Joan Navarro e do artista plástico catalão Pere Salinas; La entrañable costumbre [Mantis Editores, 2008], do mexicano Luis Aguilar, entre outros. É co-organizador e tradutor ao castelhano da coletânea de jovens poetas Antologia Vacamarela: português, espanhol e inglês [Edição dos autores, 2007]. Mantém o blogue medianeiro.blogspot.com

DEBATE E RECITAL

Paralelamente ao lançamento haverá um debate e um recital quinquelíngue de poesia. O debate abordará o tema “O impacto da Guerra Civil nas literaturas galega, espanhola, catalã e basca”. Dele participarão Estebe Ormazabal, professor de língua basca; Miguel Afonso Linhares, linguista e professor de espanhol em Roraima; Fábio Aristimunho Vargas, organizador e tradutor da coleção Poesias de Espanha, e Paulo Ferraz, poeta e editor.

No Recital Quinquelíngue, escritores convidados farão leituras de poemas em galego, castelhano, catalão e basco, com as respectivas traduções ao português. Participarão das leituras, entre outros escritores, Alfredo Fressia, Ana Rüsche, Andréa Catrópa, Dirceu Villa e Ruy Proença. Ao final, serão apresentados vídeos com canções e baladas antigas.

APOIO

Institut Ramon Llull

Casa das Rosas

DIVULGAÇÃO

Euskal Etxea Brasil

Associação Cultural Catalonia

Coletivo Vacamarela

Instituto Cervantes

SERVIÇO

Coleção Poesias de Espanha, em quatro volumes: Poesia galega: das origens à Guerra Civil, Poesia espanhola: das origens à Guerra Civil, Poesia catalã: das origens à Guerra Civil e Poesia basca: das origens à Guerra Civil, editora Hedra, 2009.

Organização e tradução Fábio Aristimunho Vargas

* Lançamento: dia 03 de abril, a partir das 19h
* Debate: O impacto da Guerra Civil nas literaturas galega, espanhola, catalã e basca.
* Recital quinquelíngue com a participação de escritores convidados.

Casa das Rosas

Av. Paulista, 37 -Bela Vista – São Paulo
Fone: 11 3285-6986/ 3288-9447
Funcionamento: de terça a sexta, das 10h às 22h. Sábados e domingos, das 10h às 18h.

INFORMAÇÕES À IMPRENSA

Marcele Rocha

11. 9417 – 0169 | 11. 3097 – 8304

marcele@hedra.com.br

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Notas ao contemporâneo I

TABACARIA

(...)

Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.

(...)


[Álvaro de Campos. In: Obra Completa]

domingo, dezembro 21, 2008

Herberto Helder I

TRÍPTICO


I


Transforma-se o amador na coisa amada com seu
feroz sorriso, os dentes,
as mãos que relampejam no escuro. Traz ruído
e silêncio. Traz o barulho das ondas frias
e das ardentes pedras que tem dentro de si.
E cobre esse ruído rudimentar com o assombrado
silêncio da sua última vida.
O amador transforma-se de instante para instante,
e sente-se o espírito imortal do amor
criando a carne em extremas atmosferas, acima
de todas as coisas mortas.

Transforma-se o amador. Corre pelas formas dentro.
E a coisa amada é uma baía estanque.
É o espaço de um castiçal,
a coluna vertebral e o espírito
das mulheres sentadas.
Transforma-se em noite extintora.
Porque o amador é tudo, e a coisa amada
é uma cortina
onde o vento do amador bate no alto da janela
aberta. O amador entra
por todas as janelas abertas. Ele bate, bate, bate.
O amador é um martelo que esmaga.
Que transforma a coisa amada.

Ele entra pelos ouvidos, e depois a mulher
que escuta
fica com aquele grito para sempre na cabeça
a arder como o primeiro dia do verão. Ela ouve
e vai-se transformando, enquanto dorme, naquele grito
do amador.
Depois acorda, e vai, e dá-se ao amador,
dá-lhe o grito dele.
E o amador e a coisa amada são um único grito
anterior de amor.

E gritam e batem. Ele bate-lhe com o seu espírito
de amador. E ela é batida, e bate-lhe
com o seu espírito de amada.
Então o mundo transforma-se neste ruído áspero
do amor. Enquanto em cima
o silêncio do amador e da amada alimentam
o imprevisto silêncio do mundo
e do amor.

Herberto Helder II

II


Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
- eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.

Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
- E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
- não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.

Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço -
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave - qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,
que te procuram.

Herberto Helder III

III


Todas as coisas são mesa para os pensamentos
onde faço minha vida de paz
num peso íntimo de alegria como um existir de mão
fechada puramente sobre o ombro.
- Junto a coisas magnânimas de água
e espíritos,
a casas e achas de manso consumindo-se,
ervas e barcos altos - meus pensamentos criam-se
com um outrora lento, um sabor
de terra velha e pão diurno.

E em cada minuto a criatura
feliz do amor, a nua criatura
da minha história de desejo,
inteiramente se abre em mim como um tempo,
uma pedra simples,
ou um nascer de bichos num lugar de maio.

Ela explica tudo, e o vir para mim -
como se levantam paredes brancas
ou se dão festas nos dedos espantados das crianças
- é a vida ser redonda
com seus ritmos sobressaltados e antigos.
Tudo é trigo que se coma e ela
é o trigo das coisas,
o último sentido do que acontece pelos dias dentro.
Espero cada momento seu
como se espera o rebentar das amoras
e a suave loucura das uvas sobre o mundo.
- E o resto é uma altura oculta,
um leite e uma vontade de cantar.


[Herberto Helder. In: Ou o poema contínuo]

quarta-feira, novembro 05, 2008

Poema múltiplo - SIMPOESIA 2008

Abaixo se lê o poema Gopala, escrito sobre as mesas do restaurante homônimo, em São Paulo, durante o SIMPOESIA, por diversas mãos - Delmo Montenegro, Glauce Soares, Ligia Dabul, Izabela Leal, Pablo Araujo e Thiago Ponce de Moraes.
.
GOPALA
.
sob
a carcaça fétida
do último Ganesha
— almoçamos —
a carne do vazio
do zero
em si
— a constelação primeira —
a hora vara
a primavera
— mas é São Paulo — era
outubro ainda —
nada
— a estupidez de
nossas peles —
desfazendo-se
— almoçamos —
como o verme que
dança
sob
a sílaba apsara
.
alguém reclama da
falta de carne
sim, uma feijoada de soja
e um puro perímetro claro
.
Shiva dança sobre
o vazio
sob
as reclamações
com fome
Gandhi olha de soslaio
ninguém sabe mais
onde está outubro
nem Ganesha
nem o zero
nem São Paulo
nem os vermes
Gandhi aponta a saída
a porta fechada
nenhuma palavra
a estupidez
sob
a sílaba apsara
nenhum verso
na dobra desta trágica
mesa
Shiva interrompe
reclamações
ou qualquer dança
.
nem a leve chuva lá fora
sacia a fome que sinto de você,
boca infinita a devorar a primavera
onde não estamos
.
devorados
pela constelação primeira
— almoçamos —
devorados pela última pele dos vermes
— última carcaça —
devorados
pela infinita fome dos deuses
— desfazemo-nos
no puro perímetro claro —
hora-vara
em torno de Gopala
— o verso zero
.
São Paulo, outubro de 2008.

segunda-feira, outubro 27, 2008

Galeria Giacometti V: Figura alta


Alberto Giacometti, 1949

sábado, outubro 25, 2008

Fotos do SIMPOESIA e o livro FOMES DE FORMAS

Amigos,

Como está evidente, houve um grande evento de poesia brasileira contemporânea - do qual participaram 50 poetas - que ocorreu graças aos esforços de pessoas como o Claudio Daniel, a Virna Teixeira, o Antônio Vicente Pietroforte, o Frederico Barbosa, o Donny Correia, e inumeráveis outros que auxiliaram e se propuseram a organizar um evento desse porte.

Fico feliz de ter sido um dos covidados e por ter podido, com auxílio do Ministério da Cultura, participar deste memorável encontro, em que poetas de gerações distintas tiveram a oportunidade de se comunicar e de trocar impressões sobre poesia e arte - o que finda por ser o mesmo.

Agora coloco aqui um link para algumas fotos do evento (e do "pós-evento"), a fim de que se possa ter noção do quanto foram interessantes os dias em que houve o SIMPOESIA, o quanto esse evento atraiu de interessados por poesia contemporânea de todo o Brasil: SIMPOESIA 2008.

Outra coisa que me deixou muito feliz foi o convite - um pouco anterior - para participar do livro Fomes de Formas, que conta com poemas meus, de Paulo Scott, Marcelo Montenegro, Delmo Montenegro, Marcelo Sahea, Caco Pontes, Luís Venegas e Antonio Vicente Seraphim Pietroforte.

Quem tiver interesse no livro, pode entrar em contato com os editores/organizadores pelos e-mails do Antonio Vicente Pietroforte - avpietroforte@hotmail.com - e do Vanderley Mendonça - vanderleymeister@gmail.com.

As edições do selo Demônio Negro são belíssimas.


Continuemos.

quarta-feira, outubro 15, 2008

SIMPOESIA 2008

Confiram o site do SIMPOESIA. Lá será possível conhecer os convidados, a programação e os lugares onde se realizarão mesas, performances, recitais e lançamentos: SIMPOESIA 2008.


Até lá!

quinta-feira, outubro 09, 2008

Fomes de Formas e SIMPOESIA 2008

Amigos,
Na semana que entra, estarei em São Paulo, com apoio do MinC, para participar do evento SIMPOESIA 2008. Quem estiver por lá no dia 11, poderá ir ao evento Vocabulário, em que será lançado o livro Fomes de Formas, do qual participo com outros poetas.
No sábado, dia 18, me apresento no Museu da Língua Portuguesa e relanço o Imp..
Dia 11, a partir das 19h00, o evento Vocabúlario, com poesia, teatro e música, e o lançamento dos livros:
A Letra da Ley - Glauco Mattoso
Concretos e Delirantes - Antonio Vicente Seraphim Pietroforte
Fomes de Formas - Paulo Scott, Marcelo Montenegro, Delmo Montenegro, Marcelo Sahea, Thiago Ponce de Moraes, Caco Pontes, Luís Venegas, Antonio Vicente Seraphim Pietroforte.
Local: Barco - Rua Dr Vírgilio de Carvalho Pinto nº426 - São Paulo
E... SIMPOESIA 2008 (Simpósio de Poesia Contemporânea)
Organizado pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Casa das Rosas — Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, o I Simpósio de Poesia Contemporânea (Simpoesia 2008) acontecerá entre os dias 14 e 18 de outubro de 2008. O evento contará com a presença de 50 poetas brasileiros, de diferentes regiões do país, incluindo autores já reconhecidos, como Claudia Roquette-Pinto, Roberto Piva, Glauco Mattoso e Frederico Barbosa, e também poetas jovens.

Recitais poéticos, performances, palestras e debates acontecerão na USP, na Casa das Rosas, no Museu da Língua Portuguesa e na Academia Internacional de Cinema, dentro da programação do evento. Haverá também shows musicais, apresentações de videopoesia e de poesia visual. Todas as atividades serão gratuitas para o público.

A divulgação será feita pela assessoria de imprensa da Casa das Rosas, e a coordenação geral do evento está aos cuidados dos poetas Virna Teixeira e Antônio Vicente Seraphim Pietroforte.
Virna Teixeira, poeta e tradutora, publicou os livros de poesia Visita (2000) e Distância (2005) pela editora 7 Letras e os livros de tradução Na Estação Central (UnB) e Ovelha Negra (Lumme) de poesia escocesa. Foi curadora, junto com Claudio Daniel, do festival internacional de poesia Tordesilhas, em 2007.

Antônio Vicente Seraphim Pietroforte é poeta, romancista e doutor em Semiótica e Lingüística pela Universidade de São Paulo (USP), onde leciona. Publicou, entre outros livros, o romance Amsterdã SM (2007), o de poesia O retrato do artista quando foge (2007) e o de semiótica Análise do texto visual / A construção da imagem (2007).

Equipe de apoio: Nicole Cristófalo e Natália Guirado.
Poetas convidados:

a) São Paulo:

Adriana Zapparoli, Ademir Assunção, Ademir Demarchi, Álvaro Faleiros, Claudio Daniel, Claudio Willer, Contador Borges, Daniela Ramos, Danilo Bueno, Donny Correia, Edilamar Galvão, Eduardo Lacerda, Élson Fróes, Érica Zíngano, Frederico Barbosa, Glauco Mattoso, Greta Benitez, Hélio Néri, Horácio Costa, Lúcio Agra, Luiz Roberto Guedes, Marcelo Chagas, Marcelo Montenegro, Marcelo Tápia, Michel Sleiman, Mônica Rodrigues da Costa, Neuza Pinheiro, Paulo de Toledo, Rui Mascarenhas, Roberto Piva, Tatiana Fraga, Virna Teixeira, Zho Bertolini

b) Outros estados:

Alckmar Luiz dos Santos (SC), Ana Maria Ramiro (DF), André Dick (RS), Claudia Roquette-Pinto (RJ), Delmo Montenegro (PE), Eduardo Jorge (MG), Eliana Borges (PR), Izabela Leal (RJ), Leonardo Gandolfi (RJ), Lígia Dabul (RJ), Marcelo Sahea (DF), Pablo Araújo (RJ), Ricardo Aleixo (MG), Ricardo Corona (PR), Ruy Vasconcelos (CE), Thiago Ponce (RJ), Victor da Rosa (SC)

c) Buenos Aires:

Camila do Valle (Fundação Centro de Estudos Brasileiros)

EDITORAS CONVIDADAS: Lumme, DIX, Demônio Negro (os estandes ficarão na USP)

PROGRAMA:

A) NA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO:

I Seminário de Lingüística, Semiótica e Análise da Literatura
Dia 14 de outubro, terça-feira,
14h
Debate: Semiótica e estudos da literatura: alguns diálogos

Diana Luz Pessoa de Barros (USP)
Norma Discini (USP)
Susanna Busato (UNESP, São José do Rio Preto)

15h
Re-visão de Haroldo de Campos, palestra de Claudio Daniel

16h
Dedo na ferida – Certa poesia contemporânea, palestra de Frederico Barbosa

18h
Recital:
Claudia Roquette-Pinto
Horácio Costa
Delmo Montenegro

Dia 15 de outubro, quarta-feira

14h
Debate: Poéticas do recorte: o esgarçamento das palavras e dos afetos
Ude Baldam (UNESP)
Maria Adélia Menegazzo (UFMS)
Claudio Daniel (Casa das Rosas)

15h
Poesia contemporânea: diversidade e confluência, palestra de André Dick

18h
Recital:
Eduardo Jorge
André Dick
Ademir Assunção

Lançamento: revista Coyote.

Dia 16 de outubro, quinta-feira

14h
Debate: A construção do limiar: questões de oralidade e performatividade na literatura
Antonio Vicente (USP)
Roberto Zular (USP)
Marcelo Tápia

15h
Construção, crítica e reconstrução do cânone literário, palestra de Horácio Costa

18h
Recital:
Daniela Osvald Ramos
Marcelo Montenegro
Zhô Bertolini
Hélio Neri

Dia 17 de outubro, sexta-feira
14h
Debate: A substância segundo Guimarães Rosa
Luiz Tatit (USP)
Olga Coelho (USP)
Marcelo Chagas

15h
Quem tem medo de João Cabral?, palestra de Leonardo Gandolfi

18h
Recital:
Érica Zíngano
Danilo Bueno
Leonardo Gandolfi

Todos os eventos do SIMPOESIA realizados na USP terão lugar no prédio de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, sala 226.

B) Casa das Rosas:

Dia 14 de outubro, terça-feira

19h
Recital:
Frederico Barbosa
Claudio Daniel
Virna Teixeira
Glauco Mattoso
Elson Fróes
Neuza Pinheiro
Tatiana Fraga

Lançamento: livros Espelho, de Tatiana Fraga, e Pele & Osso,, de Neuza Pinheiro.

Exposição de poesia visual: Ricardo Corona, Marcelo Sahea, Elson Fróes, Delmo Montenegro

Dia 15 de outubro, quarta-feira

17h
Mostra de videopoesia (com trabalhos de Eduardo Jorge)

19h
Debate: A poesia na era digital. Com Eduardo Jorge, Lúcio Agra, Elson Fróes. Mediação: Sheila Maués.

Dia 16 de outubro, quinta-feira

19h
Debate: Poesia imaginativa ou A subversão do real. Com Roberto Piva, Claudio Willer e Claudio Daniel.

Dia 17 de outubro, sexta-feira

19h
Recital:
Ademir Demarchi
Carol Marosssi
Luiz Roberto Guedes
Ruy Vasconcelos
Ana Maria Ramiro
Izabela Leal
Lígia Dabul

Lançamento: Passeios na floresta, de Ademir Demarchi, e Yumê, de Claudio Daniel

21h30
Audioclip Halbat Arraqs/Pista de Dança, de Michel Sleiman.
Show de música e poesia com Ricardo Aleixo, Ricardo Corona, Lúcio Agra, Marcelo Sahea;

Dia 18 de outubro, sábado

I Fórum PraLer - Prazeres da Leitura
O prazer da poesia em sala de aula
Será discutido o despertar do prazer de se ler poesia em sala de aula e outros ambientes propícios à leitura

10 horas
Palestra de Frederico Barbosa sobre o prazer da poesia na sala;

12 horas
Intervalo

14 horas
Cases, de 30 minutos cada
- Escola Municipal Isabel Ribeiro Leal Leite – Prof° Ângela Costa, Josimeire Nascimento de Oliveira Mendes e Miranilde Silva – “VERSOS SEM FRONTEIRAS”
- César Obeid – Cordelista
- Céline Lothiors – Pedagogia Profunda
- Debate.

C) Academia Internacional de Cinema:

Dia 18 de outubro, sábado
20h30: Recital da Tiger Tail: Adriana Zapparoli, Contador Borges, Eduardo Jorge, Horácio Costa, Virna Teixeira.

Lançamento: livro Cocatriz, de Adriana Zapparoli

D) Museu da Língua Portuguesa:

Dia 18 de outubro, sábado

16h
Recital com Álvaro Faleiros, Ricardo Aleixo, Claudio Daniel, Frederico Barbosa, Greta Benitez, Donny Correia, Pablo Araújo, Camila do Vale, Alckmar Luiz dos Santos, Marcelo Tápia, Mônica Rodrigues da Costa, Victor da Rosa, Edilamar Galvão, Tatiana Fraga, Michel Sleiman, Paulo de Toledo, Ruy Vasconcelos, Rui Mascarenhas, Eduardo Lacerda, Thiago Ponce de Moraes.

Lançamentos de livros de poesia de vários autores.

segunda-feira, setembro 15, 2008

FLAP! Rio 2008 – Interferências

FLAP! Festival Literário Aberto ao Público


Período: 20 e 21 de setembroLocal: PUC – Rio - Marquês de São Vicente, 225, Gávea. Campus da PUC-Rio, Auditório del Castilho - 2º andar, Prédio RDC (Ed. Rio Datacentro) Mapa: http://www.puc-rio.br/sobrepuc/campus/mapa/index.html

ENTRADA GRATUITA


Organizadores: Leandro Jardim, Priscila Andrade, Thiago Ponce de Moraes
Colaboração: Clauky Saba, Diana de Hollanda, Ramon Mello e Vinicius Baião

Blog:
http://flaprj.wordpress.com/

Release do Evento

Heloísa Buarque de Hollanda, Viviane Mosé, Eucanaã Ferraz, Olga Savary e Paulo Henriques Britto estão entre os participantes desta edição carioca da FLAP!

Percorrerá a FLAP! 2008 o tema Interferências. A proposta é debater a (re) leitura que as novas tecnologias de comunicação, informação e mídia propõem à literatura hoje. Serão abordados temas polêmicos desde a urgência de ativismos vanguardistas até a renovação da eterna indagação sobre o que é arte trazida pelas revoluções do mercado independente.

Abertura: no primeiro dia a abertura fica a cargo do poeta Mano Melo. No domingo, o ator José Mauro Brant fará uma leitura de poemas de Garcia Lorca.

Saraus: Nos intervalos entre as mesas haverá saraus organizados por dois grupos de poesia do Rio de Janeiro: Movimento InVerso e Castelo de Palavras.

Filmes: A novidade desse ano é a exibição de curtas no fechamento de cada dia. "Por Acaso Gullar", de Maria Rezende e Rodrigo Bittencourt e "Procurando Drummond", de Rodrigo Bittencourt.

Realizada pela primeira vez em 2005, em São Paulo, a FLAP! chega neste ano à sua quarta edição – terceira carioca. O evento, que é gratuito e aberto ao público, propõe uma abordagem mais acessível e direcionada sobre polêmicas e tabus que envolvem a literatura contemporânea.
São organizadas mesas de debate com poetas, escritores, acadêmicos, editores e jornalistas.
Desde sua concepção, num clima que associa descontração e compromisso, a FLAP! se propõe a encarar sem reverencialismos a obra literária e seu processo de criação. É nesse sentido que a organização fala num contraponto com a muito celebrada Festa Literária Internacional de Parati (FLIP), onde o acesso às palestras é restrito aos que podem viajar até a cidade e pagar ingressos.

>>Veja a programação completa em http://flaprj.wordpress.com/programacao-2008/

sábado, agosto 23, 2008

Galeria Giacometti IV: O cão

Alberto Giacometti, 1957

sexta-feira, agosto 15, 2008

Um verso

And for all this, nature is never spent.


(Gerard Manley Hopkins. In: Poems)

domingo, agosto 03, 2008

Heráclito XLVI

A natureza de cada dia é uma e a mesma.


(Heráclito de Éfeso. In: Heráclito)

segunda-feira, julho 07, 2008

Galeira Giacometti III: Mesa surrealista


Alberto Giacometti, 1933

sexta-feira, julho 04, 2008

Schiller

O poeta, disse eu, ou é natureza ou irá procurá-la.



(Friedrich Schiller. In: Sobre poesia ingénua e sentimental)

segunda-feira, junho 23, 2008

Galeira Giacometti II: Homem e Mulher


Alberto Giacometti, 1928-1929

domingo, junho 15, 2008

Caixa Preta

Amigos,
Quem estiver em São Paulo e/ou puder comprar, não perca:
A coleção de poesia Caixa Preta, organizada por Claudio Daniel para a Lumme Editor, tem três novos títulos publicados: Pincel de Kyoto, de Wilson Bueno, Mergulho às avessas, de Andréa Catrópa, e Poemas diversos, de Elson Fróes. O lançamento dos livros será no dia 24 de junho, a partir das 19 horas, na Casa das Rosas, localizada na Avenida Paulista, n. 37, em São Paulo. Na ocasião, acontecerá também o Recital da Caixa Preta, com a presença dos autores e da poeta Virna Teixeira, que lançará em breve o livro Trânsitos, pela mesma coleção. A proposta da série, iniciada com dois livros de Horácio Costa, publicados em 2007 – Paulistanas e Homoeróticas – é apresentar ao leitor textos inventivos, inquietos, de autores que "realizam uma pesquisa poética imaginativa e com artesanato de linguagem", segundo o texto de frontispício dos livros. Os livros da Lumme Editor podem ser adquiridos em livrarias ou ainda pelo e-mail vendas@lummeeditor.com

sexta-feira, junho 13, 2008

Catástrofe

(...)

Mas, na realidade, a eloqüência precede a dramatização e dá uma razão a ela: teatro e existência teatralizada somente são por causa do discurso. Ou melhor, da discursividade. Isso significa que o Unheimlich é essencialmente uma questão da linguagem. Ou que a linguagem é o locus do Unheimlich, se de fato esse locus existe. Em outras palavras, a linguagem é o que "aliena" o humano. Não por ela ser a perda ou o esquecimento do singular, já que por definição a linguagem abarca a generalidade (este é um refrão freqüente, é um antigo motif derivado das chamadas filosofias da existência); mas porque falar, deixar alguém ser apanhado e arrastado pelo ato da fala, acreditar na linguagem, ou mesmo, talvez, ficar contente ao tomá-la emprestada ou ao submeter-se a ela, é "esquecer alguém". A linguagem não é o Unheimlich, embora somente a linguagem contenha a possibilidade do Unheimlich. O Unheimlich aparece, ou melhor, colaca-se (e sem dúvidas que aí o faz, sempre, já) – algo muda no homem e o desloca do humano, algo no homem mesmo se transtorna, talvez, ou se torna, expulsando-o do humano – com uma certa postura na linguagem: a postura "artística", se desejar, ou mimética. Ou seja, a postura mais "natural" na linguagem, desde que se pense ou pré-entenda a linguagem como mimese. Nas infinitas contradições do "artístico" e do "natural", na conivência lingüistica, o Unheimlich é, finalmente, esquecimento: é esquecer quem fala quando falo, o que acompanha claramente o esquecer para quem falo quando falo e quem ouve quando sou falado. E, movendo-se sempre nesse sentido, esquecer do que se fala.

O motif do esquecimento e do transtorno (reversão) indica que aqui o Unheimlich, por causa da linguagem, é a catástrofe do humano. E isso explica que a poesia – o que Celan chama de poesia ou tenta salvar com o nome de poesia, removendo-a e preservando-a da arte – é, "sempre", a interrupção da linguagem (...).


(Philippe Lacoue-Labarthe. In: La Poésie comme expérience)

(tradução: Thiago Ponce de Moraes)

Galeria Giacometti I: Homem andando


Alberto Giacometti, 1960

Suspensão

Amigos,

Estão suspensas, por algum tempo, as publicações diárias por aqui. Visitem os diversos posts antigos e as belas revistas Confraria (que saiu do forno há pouco, e conta com inéditos de Mallarmé, Joan Navarro e Roberto Juarroz, entre diversos outros) e Zunái (que já saiu há um tempinho, mas que tem muito material, muitas traduções interessantes, muitos ensaios, poemas, contos, debates etc.)

Vez ou outra colocarei coisas por aqui, até, enfim, retomar o ritmo de uma publicação por dia.


Grande abraço,


Ponce.

Revista Confraria #20



Stéphane Mallarmé
Pedro Süssekind
Roberto Juarroz
Taizi Harada
Carlos Emílio C. Lima
Joan Navarro
Luís Serguilha
Flávio Viegas Amoreira
Mariel Reis
Marcelo Moutinho
Regina Guimarães
Marcelo Sahea
Adriana Zapparoli
José Eduardo Barros

Aderaldo Luciano

Claudia Roquette-Pinto

Márcio-André

Marcus Motta

Guilherme Zarvos

Paloma Vidal

Ronaldo Ferrito
Victor Paes

revista bimestral de arte e literatura

ISSN 1808-6276

www.revistaconfraria.com

quarta-feira, maio 21, 2008

Zunái #15

Amigos,

Já está no ar a Zunái #15 - www.revistazunai.com.br - com

Toda língua é poesia, entrevista com a poeta canadense Erin Moure

Berlim, 1936; Pequim, 2008 (editorial)

Quando o olho é uma câmera e a mente edita imagens: poemas, textos, sons e imagens de cinepoesia

A poética sincrônica de Haroldo de Campos, ensaio de Cilene Trindade Nascimento

O vôo suspenso do tempo (sobre Walter Benjamin), ensaio de Maria João Cantinho

Rainer Maria Rilke e August Stramm traduzidos por Augusto de Campos

Chiyo Ni traduzida por Alice Ruiz

César Vallejo em videotradução e musicotradução

Carta de Lisboa, por Maria Alexandre Dáskalos

Contos de João Filho, Márcia Bechara, Greta Benitez, Silvana Guimarães, Bruna Piantino, ilustrados por Sônia Alves Dias.

Poemas de Jean-Paul Michel (França), Odete Costa Semedo (Guiné-Bissau), Alan Mills (Guatemala), Sérgio Rios (México), Joana Corona (Brasil), Carol Marossi (Brasil) e muitos outros.


Não deixem de visitar, está ótima!

terça-feira, maio 20, 2008

Wallace Stevens IV

DA POESIA MODERNA

O poema da mente no ato de encontrar
O que há de bastar. Não teve sempre
De encontrar: a cena estava armada; repetia o que
Estava no roteiro.
...................Então o teatro foi mudado
Para uma outra coisa. Seu passado um suvenir.
Tem de estar vivo, aprender a fala do lugar.
Tem de encarar os homens do tempo e encontrar
As mulheres do tempo. Tem de pensar na guerra
E tem de achar o que bastará. Tem de
Construir um novo palco. Tem de estar nesse palco
E, como um ator insaciável, lentamente e
Com meditação, dizer as palavras que no ouvido,
No delicadíssimo ouvido da mente, repitam,
Exatamente, aquilo que se quer ouvir, ao som
Do qual uma audiência invisível escuta,
Não a peça, mas a si mesma, expressa
Numa emoção como de duas pessoas, como de duas
Emoções tornando-se uma. O ator é
Um metafísico no escuro, tangendo
Um instrumento, tangendo uma corda tensa que dá
Sons que assumem repentina correção, de todo
Contendo a mente, abaixo da qual não poderá descer,
Além da qual não tem vontade de subir.
..............................................Tem de
Ser o encontrar de uma satisfação, e pode ser
Um homem patinando ou uma mulher dançando, uma mulher
Penteando-se. O poema do ato da mente.


(tradução: Paulo Henriques Britto)


(Wallace Stevens. In: Parts of the World)

Galeria Malevich IV: Avião voando

Kazimir Malevich, 1914

segunda-feira, maio 19, 2008

Wallace Stevens III

TREZE MANEIRAS DE OLHAR UM MELRO

I

Em vinte montanhas nevadas
Só uma coisa se movia:
O olho do melro.

II

Eu estava entre três opções,
Como árvore
Em que pousaram três melros.

III

O melro girava no vento outonal.
Era um figurante na pantomina.

IV

Um homem mais uma mulher
Dá um.
Um homem mais uma mulher mais um melro
Dá um.

V

Não sei se prefiro
A beleza das inflexões
Ou a das insinuações,
O assovio do melro
Ou o instante depois.

VI

O gelo cobria a longa janela
Com bárbaros cristais.
A sombra do melro
Cruzava de lá para cá.
E na sombra
Desenhou-se
Uma causa indecifrável.

VII

Ó homem magro de Haddam,
Por que sonhais com aves douradas?
Acaso não vedes o melro
A caminhar por entre os pés
Das mulheres que vos cercam?

VIII

Sei de nobres canções
E ritmos lúcidos, irressistíveis;
Mas sei também
Que o melro tem a ver
Com o que sei.

IX

Quando voou além de onde a vista alcança
O melro demarcou o limite
De um de muitos círculos.

X

Ao ver melros voando
Numa luz esverdeada,
Mesmo os cáftens da eufonia
Exclamariam espantados.

XI

Ele atravessava Connecticut
Num tilburi de vidro.
Certa vez teve medo:
Por um instante pensou
Que a sombra da carruagem
Eram melros.

XII

O rio está correndo.
O melro deve estar voando.

XIII

Era noite, a tarde toda.
Nevava
E ia nevar.
E o melro imóvel
Num galho de cedro.


(tradução: Paulo Henriques Britto)


(Wallace Stevens. In: Harmonium)

Galeria Malevich III: Suprematismo


Kazimir Malevich, 1916

domingo, maio 18, 2008

Wallace Stevens II

A CASA ESTAVA QUIETA E O MUNDO CALMO

A casa estava quieta e o mundo calmo.
Leitor tornou-se livro e a noite de verão

Era como o ser consciente do livro.
A casa estava quieta e o mundo calmo.

Palavras eram ditas como se livro não houvesse,
Só que o leitor debruçado sobre a página

Queria debruçar-se, queria mais que muito ser
O sábio para quem o livro é verdadeiro

E a noite de verão é perfeição da mente.
A casa estava quieta porque tinha de estar.

Estar quieta era parte do sentido da mente:
Acesso da perfeição à página.

E o mundo estava calmo. Em mundo calmo.
Em que não há outro sentido, a verdade

É calma, é verão e é noite, a verdade
É o leitor insone e debruçado a ler.


(tradução: Paulo Henriques Britto)

(Wallace Stevens. In: Transport to Summer)

Galeria Malevich II: Pressentimento complexo

Kazimir Malevich, 1928-1932

sábado, maio 17, 2008

Wallace Stevens I

DESILUSÃO DAS DEZ HORAS

As casas são assombradas
Por camisolas brancas.
Nenhuma é verde,
Nem roxa com bainha verde,
Nem verde com bainha amarela,
Nem amarela com bainha azul.
Nenhuma delas é estranha,
Com meias de renda
E faixas de contas.
Ninguém vai sonhar
Com caramujos e orangotangos.
Só um ou outro marinheiro velho
Bêbado dorme de botas
E pega tigres
Em dia vermelho.


(tradução: Paulo Henriques Britto)

(Wallace Stevens. In: Harmonium)

Galeria Malevich I: Branco sobre branco


Kazimir Malevich, 1918

sexta-feira, maio 02, 2008

Guido Cavalcanti II

Quem é esta a que toda gente admira


Quem é esta a que toda gente admira,
Que faz de claridade o ar tremular,
Com tanto amor, e deixa sem falar,
E cada um por ela só suspira?

Ah, Deus, como ela é, quando nos mira?
Que diga Amor, eu não o sei contar.
De tal modéstia é feito o seu olhar,
Que às outras todas faz que eu chame de ira.

Nem sei dizer do seu merecimento.
Toda virtude a ela está rendida,
Beleza a tem por Deusa e assim a exalta.

A nossa mente nunca foi tão alta,
Nem há ninguém que tenha tanta vida
Para alcançar um tal conhecimento.


(Guido Cavalcanti. In:Invenção)


(Tradução: Augusto de Campos)

quinta-feira, maio 01, 2008

Guido Cavalcanti I

Pelo olhar fere o espírito sutil


Pelo olhar fere o espírito sutil
que faz na mente o espírito acordar,
do qual se move o espírito de amar
que faz todo outro espírito servil.

Não o descobrirá espírito vil,
tal é o dom deste espírito sem par,
espírito que faz tremer o ar
do espírito que faz dama gentil.

E deste mesmo espírito se move
um outro doce espírito suave,
que um espírito segue de mercê.

O qual espírito espíritos chove
e dos espíritos conhece a chave,
por força de um espírito, que vê.


(Guido Cavalcanti. In:Invenção)


(Tradução: Augusto de Campos)

sábado, abril 26, 2008

Galeria Caravaggio V: A Crucificação de São Pedro


Michelangelo Merisi da Caravaggio, 1600-01

terça-feira, abril 22, 2008

Antologia no Peru - Revista Lapsus

Caros,
Saiu, por esses dias, a antologia do coletivo VacAmarela - a mesma publicada trinlíngüe no Festival Tordesilhas - na Revista Lapsus nº 9, co-editada pelo poeta peruano Giancarlo Huapaya.
A página que ele criou na revista para a antologia ficou bem bonita. Visitem em Lapsus-VacAmarela.
Até!

segunda-feira, abril 21, 2008

Notas para a recordação do meu mestre Caeiro

Conheci o meu mestre Caeiro em circunstâncias excepcionais - como todas as circunstâncias da vida, e sobretudo as que, não sendo nada em si mesmas, hão-de vir a ser tudo nos resultados.
Deixei em quase três quartos o meu curso escocês de engenharia naval; parti numa viagem ao Oriente; no regresso, desembarcado em Marselha, e sentindo um grande tédio de seguir, vim por terra até Lisboa. Um primo meu levou-me um dia de passeio ao Ribatejo; comhecia um primo de Caeiro, e tinha com ele negócios; encontrei-me com o que havia de ser meu mestre em casa desse seu primo. Não há mais que contar, porque isto é pequeno, como toda a fecundação.
Vejo ainda, com claridade da alma, que as lágrimas da lembrança não empanam, porque a visão não é externa... vejo-o diante de mim, e vê-lo-ei talvez eternamente como primeiro o vi. Primeiro, os olhos azuis de criança que não tem medo; depois, os malares já um pouco salientes, a cor um pouco pálida, e o estranho ar grego, que vinha de dentro e era uma calma, e não de fora, porque não era expressão nem feições. O cabelo, quase abundante, era louro, mas, se faltava luz, acastanhava-se. A estatura era média, tendendo para mais alta, mas curvada, sem ombros altos. O gesto era branco, o sorriso era como era, a voz era igual, lançada num tom de quem não procura senão dizer o que está dizendo - nem alta nem baixa, clara, livre de intenções, de hesitações, de temidezas. O olhar azul não sabia deixar de fitar. Se a nossa observação estranhava qualquer coisa, encontrava-a: a testa, sem ser alta, era poderosamente branca. Repito: era pela sua brancura, que parecia maior que a da cara pálida, que tinha majestade. as mãos um pouco delgadas, mas não muito; a palma era larga. A expressão da boca, a última coisa em que se reparava - como se falar fosse, para este homem, menos que existir - era a de um sorriso como o que se atribui em verso às coisas inanimadas belas, só porque nos agradam -, flores, campos largos, águas com sol - um sorriso de existir, e não de nos falar.
Meu mestre, meu mestre, perdido tão cedo! Revejo-o na sombra que sou em mim, na memória que conservo do que sou de morto...
Foi durante a nossa primeira conversa... Como foi, não sei, e ele disse: “Está aqui um rapaz Ricardo Reis que há-de gostar de conhecer: ele é muito diferente de si.” E depois acrescentou, "tudo é diferente de nós, e por isso é que tudo existe".
Esta frase, dita como se fosse um axioma da terra, seduziu-me com um abalo, como o de todas as primeiras posses, que me entrou nos alicerces da alma. Mas, ao contrário da sedução material, o efeito em mim foi de receber de repente, em todas as minhas sensações, uma virgindade que não tinha tido.
Referindo-se, uma vez, ao conceito directo das coisas, que caracteriza a sensibilidade de Caeiro, citei-lhe, com perversidade amiga, que Wordsworth designa um insensível pela expressão:

A primrose by the river's brim
A yellow primrose was to him,
And it was nothing more.

E traduzi (omitindo a tradução exacta de primrose, pois não sei nomes de flores nem de plantas): “Uma flor à margem do rio para ele era uma flor amarela, e não era mais nada.”
O meu mestre Caeiro riu. “Esse simples via bem: uma flor amarela não é realmente senão uma flor amarela.”
Mas, de repente, pensou.
“Há uma diferença”, acrescentou. “Depende se se considera a flor amarela como uma das várias flores amarelas, ou como aquela flor amarela só.”
E depois disse:
“O que esse seu poeta inglês queria dizer é que para o tal homem essa flor amarela era uma experiência vulgar, ou coisa conhecida. Ora isso é que não está bem. Toda a coisa que vemos, devemos vê-la sempre pela primeira vez, porque realmente é a primeira vez que a vemos. E então cada flor amarela é uma nova flor amarela, ainda que seja o que se chama a mesma de ontem. A gente não é já o mesmo nem a flor a mesma. O próprio amarelo não pode ser já o mesmo. É pena a gente não ter exactamente os olhos para saber isso, porque então éramos todos felizes.”


*


O meu mestre Caeiro não era um pagão: era o paganismo. O Ricardo Reis é um pagão, o António Mora é um pagão, o próprio Fernando Pessoa seria um pagão, se não fosse um novelo embrulhado para o lado de dentro. Mas o Ricardo Reis é um pagão por carácter, o António Mora é um pagão por inteligência, eu sou um pagão por revolta, isto é, por temperamento. Em Caeiro não havia explicação para o paganismo; havia consubstanciação.
Vou definir isto da maneira em que se definem as coisas indefiníveis - pela cobardia do exemplo. Uma das coisas que mais nitidamente nos sacodem na comparação de nós com os gregos é a ausência de conceito de infinito, a repugnância de infinito entre os gregos. Ora o meu mestre Caeiro tinha lá mesmo esse mesmo inconceito. Vou contar, creio que com grande exactidão, a conversa assombrosa em que mo revelou.
Referia-me ele, aliás desenvolvendo o que diz num dos poemas de “O Guardador de Rebanhos”, que não sei quem lhe tinha chamado em tempos “poeta materialista”. Sem achar a frase justa, porque o meu mestre Caeiro não é definível com qualquer frase justa, disse-lhe, contudo, que não era absurdo de todo a atribuição. E expliquei-lhe, mais ou menos bem, o que é o materialismo clássico. Caeiro ouviu-me com uma atenção de cara dolorosa, e depois disse-me bruscamente:
“Mas isso o que é é muito estúpido. Isso é uma coisa de padres sem religião, e portanto sem desculpa nenhuma.”
Fiquei atónito, e apontei-lhe várias semelhanças entre o materialismo e a doutrina dele, salva a poesia desta última. Caeiro protestou.
“Mas isso a que V. chama poesia é que é tudo. Nem é poesia: é ver. Essa gente materialista é cega. V. diz que eles dizem que o espaço é infinito. Onde é que eles viram isso no espaço?”
E eu, desnorteado. “Mas V. não concebe o espaço como infinito? Você não pode conceber o espaço como infinito?”
“Não concebo nada como infinito. Como é que eu posso conceber qualquer coisa como infinito?”
“Homem”, disse eu, “suponha um espaço. Para além desse espaço há mais espaço, para além desse mais, e depois mais, e mais, e mais... Não acaba...”
“Por quê?”, disse o meu mestre Caeiro.
Fiquei num terramoto mental. “Suponha que acaba”, gritei. “O que há depois?”
“Se acaba, depois não há nada”, respondeu.
Este género de argumentação, cumulativamente infantil e feminina, e portanto irresponsável, atou-me o cérebro durante uns momentos.
“Mas V. concebe isso?”, deixei cair por fim.
“Se concebo o quê? Uma coisa ter limites? Pudera! O que não tem limites não existe. Existir é haver outra cousa qualquer, e portanto cada coisa ser limitada. O que é que custa conceber que uma coisa é uma coisa, e não está sempre a ser uma outra coisa que está mais adiante?”
Nessa altura senti carnalmente que estava discutindo, não com outro homem, mas com outro universo. Fiz uma última tentativa, um desvio que me obriguei a sentir legítimo.
“Olhe, Caeiro... Considere os números... Onde é que acabam os números? Tomemos qualquer número - 34, por exemplo. para além dele temos 35, 36, 37, 38, e assim sem poder parar. Não há número grande que não haja um número maior...”
“Mas isso são só números”, protestou o meu mestre Caeiro.
e depois acrescentou, olhando com uma formidável infância:
“O que é o 34 na Realidade?”


*


Há frases repetitivas, profundas porque vêm do profundo, que definem um homem, ou, antes, com que um homem se define, sem definição. Não esquece aquela em que Ricardo Reis uma vez se me definiu. falava-se de mentir, e ele disse: “Abomino a mentira, porque é uma inexactidão.” Todo o Ricardo Reis - passado, presente e futuro - está nisto.
O meu mestre Caeiro, como não dizia senão o que era, pode ser definido por qualquer frase sua, escrita ou falada, sobretudo depois do período que começa do meio em diante de “O Guardador de Rebanhos”. Mas, entre tantas frases que escreveu e se imprimem, entre tantas que me disse e relato ou não relato, a que o contém com maior simplicidade é aquela que uma vez me disse em Lisboa. falava-se de não sei quê que tinha que ver com as relações de cada qual consigo mesmo. E eu perguntei de repente ao meu mestre Caeiro, “está contente consigo?”. E ele respondeu: “Não: estou contente.” Era como a voz da terra, que é tudo e ninguém.

*


Nunca vi triste o meu mestre Caeiro. Não sei se estava triste quando morreu, ou nos dias antes. Seria possível sabê-lo, mas a verdade é que nunca ousei perguntar aos que assistiram à morte qualquer coisa da morte ou de como ele a teve.
Em todo o caso, foi uma das angústias da minha vida - das angústias reais em meio de tantas que têm sido fictícias - que Caeiro morresse sem eu estar ao pé dele. Isto é estúpido mas humano, e é assim.
Eu estava em Inglaterra. O próprio Ricardo Reis não estava em Lisboa; estava de volta no Brasil. estava o Fernando Pessoa, mas é como se não estivesse. O Fernando Pessoa sente as coisas mas não se mexe, nem mesmo por dentro.
Nada me consola de não ter estado em Lisboa nesse dia, a não ser aquela consolação que pensar no meu mestre Caeiro espontaneamente me dá. Ninguém é inconsolável ao pé da memória de Caeiro ou dos seus versos; e a própria ideia do nada - a mais pavorosa de todas se se pensa com a sensibilidade - tem, na obra e na recordação do meu mestre querido, qualquer coisa de luminoso e de alto, como o sol sobre as neves dos píncaros inatingíveis.

(Álvaro de Campos. In: Ficções do Interlúdio)

domingo, abril 20, 2008

Galeria Caravaggio IV: O Sacrifício de Isaac



Michelangelo Merisi da Caravaggio, 1603

Galeria Caravaggio III: Davi e Golias


Michelangelo Merisi da Caravaggio, 1601-02

sábado, abril 19, 2008

William Blake - The Tyger


The Tyger
....
Tyger Tyger, burning bright,
In the forests of the night,
What immortal hand or eye,
Could frame thy fearful symmetry?

In what distant deeps or skies,
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand, dare sieze the fire?

And what shoulder, & what art,
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand? & what dread feet?

What the hammer? What the chain,
In what furnace was thy brain?
What the anvil? What dread grasp,
Dare its deadly terror clasp!

When the stars threw down their spears
And water'd heaven with their tears:
Did he smile his work to see?
Did he who made the Lamb made thee?

Tyger Tyger, burning bright,
In the forests of the night,
What immortal hand or eye,
Could frame thy fearful symmetry?
....
(William Blake. In: The Complete Illuminated Books)

sexta-feira, abril 18, 2008

William Blake - The Tyger V

O Tigre


Tigre, tigre, chama pura
Nas brenhas da noite escura,
Que olho ou mão imortal cria
Tua terrível simetria?

De que abismo ou céu distante
Vem tal fogo coruscante?
Que asas ousa nesse jogo?
E que mão se atreve ao fogo?

Que ombro & arte te armarão
Fibra a fibra o coração?
E ao bater ele no que és,
Que mão terrível? Que pés?

E que martelo? Que torno?
E o teu cérebro em que forno?
Que bigorna? Que tenaz
Pro terror mortal que traz?

Quando os astros lançam dardos
E seu choro os céus põe pardos,
Vendo a obra ele sorri?
Fez o anho e fez-te a ti?

Tigre, tigre, chama pura
Nas brenhas da noite escura,
Que olho ou mão imortal cria
Tua terrível simetria?


(tradução: Vasco Graça Moura)


(William Blake. In: Laocoonte, rimas várias, andamentos graves)

quinta-feira, abril 17, 2008

William Blake - The Tyger IV

O Tygre


Tygre Tygre, brilho em chamas,
Na selva da noite inflama,
Que imortal mão forjaria
Tua terrível simetria?

Que distante abismo ou céu
Tocou fogo aos olhos teus?
Com que asas voar ousas?
Em que mão tua flama pousa?

E que braço, & arte estranha,
Trançaram tuas entranhas?
E ao bater teu coração,
Que pés cruéis? & cruéis mãos?

Com que malho? Que limalha
É tua mente na fornalha?
Que bigorna? Que alcance
Teu terror mortal alcança!

Ao descerem os céus suas lanças
E lágrimas qual criança:
Sorriu ele à sua obra?
Fez-te e ao Cordeiro em sobra?

Tygre Tygre, brilho em chamas,
Na selva da noite inflama,
Que imortal mão forjaria
Tua terrível simetria?


(tradução: Thiago Ponce de Moraes)

quarta-feira, abril 16, 2008

William Blake - The Tyger III

O Tygre


Tygre Tygre fogo ativo,
Nas florestas da noite vivo,
Que olho ou mão tramaria
Tua temível simetria?

Que profundezas, que céus
Acendem os olhos teus?
Aspirar quais asas ousa?
Qual mão em tua chama pousa?

Por que braço & que arte é feito
Cada nervo de teu peito?
E teu peito ao palpitar,
Que horríveis mãos? & pés sem par?

Que martelo? Que elo? Tua mente
Vem de qual fornalha ardente?
Qual bigorna? Que mão forte
Prende o teu terror de morte?

Quando as lanças das estrelas
Molharam o céu, ao vê-las:
Ele sorriu da obra que fez?
Quem fez o cordeiro te fez?

Tygre Tygre fogo ativo,
Nas florestas da noite, vivo,
Que olho ou mão tramaria
Tua terrível simetria?


(Tradução: Leonardo Gonçalves e Mário Alves Coutinho)


(William Blake. In: Canções da inocência e da experiência)

terça-feira, abril 15, 2008

William Blake - The Tyger II

O Tygre


Tygre, Tygre, viva chama
Que as florestas de noite inflama,
Que olho ou mão imortal podia
Traçar-te a horrível simetria?

Em que abismo ou céu longe ardeu
O fogo dos olhos teus?
Com que asas atreveu ao vôo?
Que mão ousou pegar o fogo?

Que arte & braço pôde então
Torcer-te as fibras do coração?
Quando ele já estava batendo,
Que mão & que pés horrendos?

Que cadeia? que martelo,
Que fornalha teve o teu cérebro?
Que bigorna? que tenaz
Pegou-te os horrores mortais?

Quando os astros alancearam
O céu e em pranto o banharam,
Sorriu ele ao ver seu feito?
Fez-te quem fez o Cordeiro?

Tygre, Tygre, viva chama
Que as florestas da noite inflama,
Que olho ou mão imortal ousaria
Traçar-te a horrível simetria?

.

(tradução: José Paulo Paes)

.

(William Blake. In: Gregos & Baianos - Ensaios)

segunda-feira, abril 14, 2008

William Blake - The Tyger I

O Tygre


Tygre! Tygre! Brilho, brasa
que a furna noturna abrasa,
que olho ou mão armaria
tua feroz symmetrya?

Em que céu se foi forjar
o fogo do teu olhar?
Em que asas veio a chamma?
Que mão colheu esta flamma?

Que força fez retorcer
em nervos todo o teu ser?
E o som do teu coração
de aço, que cor, que ação?

Teu cérebro, quem o malha?
Que martelo? Que fornalha
o moldou? Que mão, que garra
seu terror mortal amarra?

Quando as lanças das estrelas
cortaram os céus, ao vê-las,
quem as fez sorriu talvez?
Quem fez a ovelha te fez?

Tygre! Tygre! Brilho, brasa
que a furna noturna abrasa,
que olho ou mão armaria
tua feroz symmetrya?


(tradução: Augusto de Campos)


(William Blake. In: Viva Vaia (Poesia 1949-1979))

domingo, abril 13, 2008

Galeria Caravaggio II: A incredulidade de São Tomé


Michelangelo Merisi da Caravaggio, 1601-02

sábado, abril 12, 2008

Galeria Caravaggio I: Judith decapitando Holofernes


Michelangelo Merisi da Caravaggio, 1598

sexta-feira, abril 11, 2008

Hölderlin V

Grécia
Terceira versão


Ó vozes do Destino, ó vias do Viandante!
Pois no azul da escola,
De longe, no bramir do céu
Soa como canto do melro
A afinação alegre das nuvens, bem
Afinada pela presença de Deus, a tempestade.
E apelos, como olhar pra longe,
Pra a imortalidade e os heróis;
Muitas recordações há. Quando a seguir
Ressoando, como pele de novilho
A Terra, desde devastações e tentações dos santos.
- Pois a princípio a obra se forma -,
Segue grandes leis, a Ciência
E a ternura e o largo céu parecendo depois
Puro invólucro, cantam nuvens canoras.
Pois firme é da Terra
O umbigo. É que cativas em margens de erva estão
As chamas e os universais
Elementos. Puro pensar porém no alto vive o Éter. Mas argêntea
Em dias puros
É a Luz. Como sinal de amor
Azul-violeta a Terra.
Pra o que é humilde pode também vir
Um grande começo.
Mas quotidianamente, ó maravilha!, por amor dos homens,
Deus traz um vestido.
E aos conhecimentos se oculta a sua face
E cobre os ares com arte.
E ar e tempo cobrem
O Terrível, para que nenhum por demais
O ame com preces ou
A alma. Pois longo tempo já está aberta
Como folhas, para aprender, ou linhas e ângulos
A Natureza.
E mais dourados os sóis e as luas,
Mas em tempos
Em que quer acabar a velha cultura
Da Terra, isto é: com histórias,
Evoluídas, corajosamente lutadas, como em alturas guia
Deus a Terra. Passos desmedidos
Limita-os ele porém, mas como flores de ouro
Se juntam então as forças da alma, os parentescos da alma,
Para que na terra prefira
Morar a Beleza e qualquer Espírito
Mais em comum se junte aos homens.
Doce é então morar sob as altas sombras
De árvores e colinas, ao sol, onde o caminho
Para a igreja é calcetado. Mas aos viajantes, a quem,
Por amor da vida, medindo-os sempre,
Os passos obedecem, florescem
Mais belos os caminhos, onde o campo
.............................
.............................


(tradução: Paulo Quintela)


(Hölderlin. In: Poemas)

quinta-feira, abril 10, 2008

Hölderlin IV

A rosa


..... Suave irmã!
..... Onde irei buscar, quando for Inverno,
As flores, para tecer coroas aos deuses?
Então será, como se eu já não soubera do Divino,
..... Pois de mim terá partido o espírito da vida;
........ Quando eu buscar prendas de amor aos deuses,
........... As flores no campo escalvado,
............... E te não achar.


(tradução: Paulo Quintela)


(Hölderlin. In: Poemas)

quarta-feira, abril 09, 2008

Hölderlin III

E pouco saber...


E pouco saber, mas muita alegria
... É dada aos mortais,


Porquê, ó belo Sol, não me bastas tu,
... Ó flor das minhas flores! no dia de Maio?
... ... Que sei eu então de mais alto?


Oh, fora eu antes como as crianças são!
... Que eu, como os rouxinóis, cantasse
... ... A canção descuidada da minha delícia!


(tradução: Paulo Quintela)


(Hölderlin. In: Poemas)

terça-feira, abril 08, 2008

Hölderlin II

A Natureza e a Arte ou Saturno e Júpiter


... Alto tu reinas no dia e a tua lei
... ... Floresce, tens na mão a balança, filho de Saturno!
... ... ... E reparte as sortes e ledo repousa
... ... ... ... Na glória das artes imortais do domínio.


... Mas dizem os Poetas que para o abismo
... ... O sacro Pai, o teu próprio, outrora
... ... ... Desterraste e que lá em baixo se chora,
... ... ... ... Onde os Indómitos estão justamente antes de ti,


... Inocente o deus da idade de ouro há já muito:
... ... Outrora sem custo e maior do que tu, embora
... ... ... Não tenha ditado nenhum mandamento
... ... ... ... E nenhum dos mortais por nome o nomeasse.


... Para baixo pois! ou não te envergonhes da gratidão
... ... E se queres ficar, serve ao mais velho
... ... ... E concede-lhe que antes de todos,
... ... ... ... Deuses e homens, o Poeta o nomeie!


... Pois, como das nuvens o teu raio, assim dele
... ... Vem o que é teu, olha! dá dele testemunho
... ... ... O que tu ordenas, e da paz
... ... ... ... De Saturno cresceu todo o poder.


... E quando eu no coração tiver algo de vivo
... ... Sentido e alvoreça o que tu formaste,
... ... ... E no seu berço tiver passado a dormir
... ... ... ... Em delícia o tempo mudável,


... Então eu te reconheço, ó Crónion! então te ouço, a ti
... ... Sábio mestre que, como nós, um filho
... ... ... Do Tempo, dás leis, e quanto
... ... ... ... O santo crepúsculo esconde, anuncias.


(tradução: Paulo Quintela)


(Hölderlin. In: Poemas)

segunda-feira, abril 07, 2008

Hölderlin I

Aos poetas jovens


Queridos Irmãos! talvez a nossa arte amadureça,

... Pois, como o jovem, há muito ela fermenta já,
... ... Em breve em beleza serena;
... ... ... Sede, então, devotos, como o Grego foi.


Amai os deuses e pensai nos mortais com amizade!
... Odiai a ebriedade como o gelo! Não ensineis nem descrevais!


... ... Se o mestre vos assusta,
... ... ... Pedi conselho à grande Natureza!


(tradução: Paulo Quintela)


(Hölderlin. In: Poemas)

sexta-feira, abril 04, 2008

Durante o recesso

Algumas coisas interessantes aconteceram durante o recesso - algumas publicações, traduções e lançamentos.

Voltarei a andar com o blog diariamente; mas, antes, faço este resumo. A partir de segunda, torno a trazer algumas inquietações (venho com Hölderlin).

Então:

1)

Antologia da Poesia Brasileira do Início do Terceiro Milénio (editora 07 Dias, 06 Noites), organizada pelo poeta Claudio Daniel.

[Adriana Zapparoli, Ana Maria Ramiro, André Dick, Andréa Catrópa, Daniel Sampaio, Danilo Bueno, Delmo Montenegro, Diego Vinhas, Donny Correia, Douglas Diegues, Eduardo Jorge, Leonardo Gandolfi, Marília Kubota, Micheliny Verunschk, Nicollas Ranieri, Simone Homem de Mello, Thiago Ponce de Moraes e Virna Teixeira]

-> quem quiser adquirir pode escrever um e-mail para o editor André Sebastião - info@7dias6noites.com



2)

Festa de 3 anos da Revista Confraria e o número especial de aniversário #19.

Para ver as fotos: http://www.confrariadovento.com/editora/fotos08.htm

Para ler a revista, que está impressionante: www.revistaconfraria.com


3)

Traduções da poeta norte-americana (estadunidense, se preferirem) Emily Dickinson, na Revista Zunái #14.

http://www.revistazunai.com.br/traducoes/emily_dickinson.htm




4)

Resenha sobre o Imp., por Beatriz Bajo, no site Armadilha Poética.

http://www.armadilhapoetica.com/arq.php?db=literatura&tab=res&id=22


5)

Colaboração na Revista Literária Abrelatas, editada por poetas e escritores do Sul: Bárbara Lia; Gustavo Soares de Lima; Leonardo Meimes; Wagner Lemos.

O primeiro número da revista contou com diversos escritores, poetas e ilustradores de várias partes do Brasil. A edição pode ser "baixada" no site da editora.

[Adriano Esturilho; Alex da Silva Martire; Ana Guimarães; Andrei Vasquez; Andréia Donadon Leal; Antonio Carlos Floriano; Beatriz Bajo; Benjamin Marchi; Candido Rolim; Carlos Emilio C Lima; Claudinei Damasceno Romão; Cláudio B Carlos; Eduardo Lacerda; Fabrício Marques; Fernando Aguiar; Geruza Zelnys; Giovana Bonifácio; J T Parreira; James W Holloway; Jocelyn Pantoja; Joel Flores; Juan Fiorini; Karen À. Villeda; Leonardo Meimes; Luis Serguilha; Mario Mariones; Me Morte; Nelson Marzullo Tangerini; Rafael Nunes Cerveglieri; Rafael Pereira; Raimundo de Souza; Raul Koliev; Ricardo Araújo; Rogério Santos; Ruben Ygua; Thiago Ponce de Moraes]

Site: http://www.editorainverso.com/

Revista: http://www.editorainverso.com/files/abrelatas_01.pdf




Até breve.

terça-feira, abril 01, 2008

Revista Confraria # 19



NÚMERO 19
Arnaldo Antunes
Armando Freitas Filho
Gozo Yoshimasu
Milton Hatoum
Ricardo Aleixo
Waltercio Caldas
Luiz Costa Lima
Luiz Vilela
Marçal Aquino
Jane B. Glasman
Max Martins
Moacir Amâncio
Werner Aguiar
Aderaldo Luciano
Claudia Roquette-Pinto
Márcio-André
Marcus Motta
Guilherme Zarvos
Paloma Vidal
Ronaldo Ferrito
Victor Paes
revista bimestral de arte e literatura
ISSN 1808-6276

NOVIDADES

resenha
Leia abaixo três resenhas recentes
sobre a edição Confraria 2 anos:

festa de aniversário
Veja aqui as fotos da comemoração dos 3 anos
da Revista Confraria, que ocorreu no Espaço Cultural
Laurinda Santos Lobo, no Rio.




Revista Confraria, arte e literatura (ISSN 1808-6276) é uma publicação bimestral, sem fins lucrativos, produzida pela Confraria do Vento Editora www.confrariadoventoeditora.com