terça-feira, outubro 02, 2007

Arthur Rimbaud I

IRAS DE CÉSARES


O homem pálido segue em longas galerias
Floridas, traje negro e o charuto nos dentes:
O homem pálido pensa em suas Tulherias
- E às vezes tem no frouxo olhar brilhos ardentes...

Um ébrio Imperador em vinte anos de orgia!
Dissera: "Eu vou soprar, mas com muito cuidado,
A Liberdade, assim como uma vela, um dia!"
Revive a Liberdade! Está descadeirado!

Está preso. - Que nome em seus lábios, absorto,
Esboça? Que lembrança implacável retorce-o?
Não sabereis. O Imperador tem olho morto.

Recorda-se talvez dos óculos do Sócio...
E fica a contemplar do charuto que esvoaça
- Ah! noites de Saint-Cloud! - a azulada fumaça.


(tradução: Ivo Barroso)


(Arthur Rimbaud. In: Poesia Completa)