quarta-feira, setembro 05, 2007

Paul Celan X

Certamente, o poema - o poema hoje - mostra (e isto tem a ver, creio, embora só indiretamente, com as dificuldades - não subestimáveis - da escolha de palavras, com o rápido declive da sintaxe ou o sentido atento para a elipse), ele mostra uma forte e inegável tendência ao emudecimento.
Ele se afirma - permitam-me, depois de tantas formulações extremas, fazer mais esta -, o poema se afirma à beira de si mesmo; incessantemente ele chama e se busca, a fim de existir, de seu Já-não-mais em seu Ainda-e-sempre.

Esse Ainda-e-sempre só pode ser mesmo um falar. Mas não a linguagem pura e simples e supostamente também não somente através da palavra "analogia".
Mas a linguagem atualizada, libertada sob o signo de uma individuação até radical, mas ao mesmo tempo também consciente dos limites que lhe foram traçados pela língua, das possibilidades que lhe foram abertas pela linguagem, tendo em vista a individuação restante.
Esse Ainda-e-sempre do poema só pode ser encontrado no poema daquele que não esquece que fala sob o ângulo de incidência de sua existência, de sua criaturização.
Então o poema seria - mais claro ainda que então - linguagem transfigurada de um indivíduo e, de acordo com a sua mais profunda essência, presente e presença.

O poema é solitário. É solitário e andante. Quem o escreve, a ele fica entregue.


(tradução de Claudia Cavalcanti)


(Paul Celan. In: O Meridiano)


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Poemas são também presentes - presentes aos atentos. Presentes que levam consigo um destino.

Vivemos sob céus sombrios, e... são poucas as pessoas. É por isso que existem tão poucos poemas.


(tradução de Claudia Cavalcanti)


(Paul Celan. In: Carta a Hans Bender)

1 Anátemas

Blogger Leandro Jardim disse...

Gostei desse ainda-e-sempre!

:D

3:00 PM, setembro 10, 2007  

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