sábado, abril 26, 2008
terça-feira, abril 22, 2008
Antologia no Peru - Revista Lapsus
segunda-feira, abril 21, 2008
Notas para a recordação do meu mestre Caeiro
Conheci o meu mestre Caeiro em circunstâncias excepcionais - como todas as circunstâncias da vida, e sobretudo as que, não sendo nada em si mesmas, hão-de vir a ser tudo nos resultados.
Deixei em quase três quartos o meu curso escocês de engenharia naval; parti numa viagem ao Oriente; no regresso, desembarcado em Marselha, e sentindo um grande tédio de seguir, vim por terra até Lisboa. Um primo meu levou-me um dia de passeio ao Ribatejo; comhecia um primo de Caeiro, e tinha com ele negócios; encontrei-me com o que havia de ser meu mestre em casa desse seu primo. Não há mais que contar, porque isto é pequeno, como toda a fecundação.
Vejo ainda, com claridade da alma, que as lágrimas da lembrança não empanam, porque a visão não é externa... vejo-o diante de mim, e vê-lo-ei talvez eternamente como primeiro o vi. Primeiro, os olhos azuis de criança que não tem medo; depois, os malares já um pouco salientes, a cor um pouco pálida, e o estranho ar grego, que vinha de dentro e era uma calma, e não de fora, porque não era expressão nem feições. O cabelo, quase abundante, era louro, mas, se faltava luz, acastanhava-se. A estatura era média, tendendo para mais alta, mas curvada, sem ombros altos. O gesto era branco, o sorriso era como era, a voz era igual, lançada num tom de quem não procura senão dizer o que está dizendo - nem alta nem baixa, clara, livre de intenções, de hesitações, de temidezas. O olhar azul não sabia deixar de fitar. Se a nossa observação estranhava qualquer coisa, encontrava-a: a testa, sem ser alta, era poderosamente branca. Repito: era pela sua brancura, que parecia maior que a da cara pálida, que tinha majestade. as mãos um pouco delgadas, mas não muito; a palma era larga. A expressão da boca, a última coisa em que se reparava - como se falar fosse, para este homem, menos que existir - era a de um sorriso como o que se atribui em verso às coisas inanimadas belas, só porque nos agradam -, flores, campos largos, águas com sol - um sorriso de existir, e não de nos falar.
Meu mestre, meu mestre, perdido tão cedo! Revejo-o na sombra que sou em mim, na memória que conservo do que sou de morto...
Foi durante a nossa primeira conversa... Como foi, não sei, e ele disse: “Está aqui um rapaz Ricardo Reis que há-de gostar de conhecer: ele é muito diferente de si.” E depois acrescentou, "tudo é diferente de nós, e por isso é que tudo existe".
Esta frase, dita como se fosse um axioma da terra, seduziu-me com um abalo, como o de todas as primeiras posses, que me entrou nos alicerces da alma. Mas, ao contrário da sedução material, o efeito em mim foi de receber de repente, em todas as minhas sensações, uma virgindade que não tinha tido.
Referindo-se, uma vez, ao conceito directo das coisas, que caracteriza a sensibilidade de Caeiro, citei-lhe, com perversidade amiga, que Wordsworth designa um insensível pela expressão:
A primrose by the river's brim
A yellow primrose was to him,
And it was nothing more.
E traduzi (omitindo a tradução exacta de primrose, pois não sei nomes de flores nem de plantas): “Uma flor à margem do rio para ele era uma flor amarela, e não era mais nada.”
O meu mestre Caeiro riu. “Esse simples via bem: uma flor amarela não é realmente senão uma flor amarela.”
Mas, de repente, pensou.
“Há uma diferença”, acrescentou. “Depende se se considera a flor amarela como uma das várias flores amarelas, ou como aquela flor amarela só.”
E depois disse:
“O que esse seu poeta inglês queria dizer é que para o tal homem essa flor amarela era uma experiência vulgar, ou coisa conhecida. Ora isso é que não está bem. Toda a coisa que vemos, devemos vê-la sempre pela primeira vez, porque realmente é a primeira vez que a vemos. E então cada flor amarela é uma nova flor amarela, ainda que seja o que se chama a mesma de ontem. A gente não é já o mesmo nem a flor a mesma. O próprio amarelo não pode ser já o mesmo. É pena a gente não ter exactamente os olhos para saber isso, porque então éramos todos felizes.”
*
O meu mestre Caeiro não era um pagão: era o paganismo. O Ricardo Reis é um pagão, o António Mora é um pagão, o próprio Fernando Pessoa seria um pagão, se não fosse um novelo embrulhado para o lado de dentro. Mas o Ricardo Reis é um pagão por carácter, o António Mora é um pagão por inteligência, eu sou um pagão por revolta, isto é, por temperamento. Em Caeiro não havia explicação para o paganismo; havia consubstanciação.
Vou definir isto da maneira em que se definem as coisas indefiníveis - pela cobardia do exemplo. Uma das coisas que mais nitidamente nos sacodem na comparação de nós com os gregos é a ausência de conceito de infinito, a repugnância de infinito entre os gregos. Ora o meu mestre Caeiro tinha lá mesmo esse mesmo inconceito. Vou contar, creio que com grande exactidão, a conversa assombrosa em que mo revelou.
Referia-me ele, aliás desenvolvendo o que diz num dos poemas de “O Guardador de Rebanhos”, que não sei quem lhe tinha chamado em tempos “poeta materialista”. Sem achar a frase justa, porque o meu mestre Caeiro não é definível com qualquer frase justa, disse-lhe, contudo, que não era absurdo de todo a atribuição. E expliquei-lhe, mais ou menos bem, o que é o materialismo clássico. Caeiro ouviu-me com uma atenção de cara dolorosa, e depois disse-me bruscamente:
“Mas isso o que é é muito estúpido. Isso é uma coisa de padres sem religião, e portanto sem desculpa nenhuma.”
Fiquei atónito, e apontei-lhe várias semelhanças entre o materialismo e a doutrina dele, salva a poesia desta última. Caeiro protestou.
“Mas isso a que V. chama poesia é que é tudo. Nem é poesia: é ver. Essa gente materialista é cega. V. diz que eles dizem que o espaço é infinito. Onde é que eles viram isso no espaço?”
E eu, desnorteado. “Mas V. não concebe o espaço como infinito? Você não pode conceber o espaço como infinito?”
“Não concebo nada como infinito. Como é que eu posso conceber qualquer coisa como infinito?”
“Homem”, disse eu, “suponha um espaço. Para além desse espaço há mais espaço, para além desse mais, e depois mais, e mais, e mais... Não acaba...”
“Por quê?”, disse o meu mestre Caeiro.
Fiquei num terramoto mental. “Suponha que acaba”, gritei. “O que há depois?”
“Se acaba, depois não há nada”, respondeu.
Este género de argumentação, cumulativamente infantil e feminina, e portanto irresponsável, atou-me o cérebro durante uns momentos.
“Mas V. concebe isso?”, deixei cair por fim.
“Se concebo o quê? Uma coisa ter limites? Pudera! O que não tem limites não existe. Existir é haver outra cousa qualquer, e portanto cada coisa ser limitada. O que é que custa conceber que uma coisa é uma coisa, e não está sempre a ser uma outra coisa que está mais adiante?”
Nessa altura senti carnalmente que estava discutindo, não com outro homem, mas com outro universo. Fiz uma última tentativa, um desvio que me obriguei a sentir legítimo.
“Olhe, Caeiro... Considere os números... Onde é que acabam os números? Tomemos qualquer número - 34, por exemplo. para além dele temos 35, 36, 37, 38, e assim sem poder parar. Não há número grande que não haja um número maior...”
“Mas isso são só números”, protestou o meu mestre Caeiro.
e depois acrescentou, olhando com uma formidável infância:
“O que é o 34 na Realidade?”
*
Há frases repetitivas, profundas porque vêm do profundo, que definem um homem, ou, antes, com que um homem se define, sem definição. Não esquece aquela em que Ricardo Reis uma vez se me definiu. falava-se de mentir, e ele disse: “Abomino a mentira, porque é uma inexactidão.” Todo o Ricardo Reis - passado, presente e futuro - está nisto.
O meu mestre Caeiro, como não dizia senão o que era, pode ser definido por qualquer frase sua, escrita ou falada, sobretudo depois do período que começa do meio em diante de “O Guardador de Rebanhos”. Mas, entre tantas frases que escreveu e se imprimem, entre tantas que me disse e relato ou não relato, a que o contém com maior simplicidade é aquela que uma vez me disse em Lisboa. falava-se de não sei quê que tinha que ver com as relações de cada qual consigo mesmo. E eu perguntei de repente ao meu mestre Caeiro, “está contente consigo?”. E ele respondeu: “Não: estou contente.” Era como a voz da terra, que é tudo e ninguém.
*
Nunca vi triste o meu mestre Caeiro. Não sei se estava triste quando morreu, ou nos dias antes. Seria possível sabê-lo, mas a verdade é que nunca ousei perguntar aos que assistiram à morte qualquer coisa da morte ou de como ele a teve.
Em todo o caso, foi uma das angústias da minha vida - das angústias reais em meio de tantas que têm sido fictícias - que Caeiro morresse sem eu estar ao pé dele. Isto é estúpido mas humano, e é assim.
Eu estava em Inglaterra. O próprio Ricardo Reis não estava em Lisboa; estava de volta no Brasil. estava o Fernando Pessoa, mas é como se não estivesse. O Fernando Pessoa sente as coisas mas não se mexe, nem mesmo por dentro.
Nada me consola de não ter estado em Lisboa nesse dia, a não ser aquela consolação que pensar no meu mestre Caeiro espontaneamente me dá. Ninguém é inconsolável ao pé da memória de Caeiro ou dos seus versos; e a própria ideia do nada - a mais pavorosa de todas se se pensa com a sensibilidade - tem, na obra e na recordação do meu mestre querido, qualquer coisa de luminoso e de alto, como o sol sobre as neves dos píncaros inatingíveis.
(Álvaro de Campos. In: Ficções do Interlúdio)
domingo, abril 20, 2008
sábado, abril 19, 2008
William Blake - The Tyger
Tyger Tyger, burning bright,
In the forests of the night,
What immortal hand or eye,
Could frame thy fearful symmetry?
In what distant deeps or skies,
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand, dare sieze the fire?
And what shoulder, & what art,
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand? & what dread feet?
What the hammer? What the chain,
In what furnace was thy brain?
What the anvil? What dread grasp,
Dare its deadly terror clasp!
When the stars threw down their spears
And water'd heaven with their tears:
Did he smile his work to see?
Did he who made the Lamb made thee?
Tyger Tyger, burning bright,
In the forests of the night,
What immortal hand or eye,
Could frame thy fearful symmetry?
sexta-feira, abril 18, 2008
William Blake - The Tyger V
Tigre, tigre, chama pura
Nas brenhas da noite escura,
Que olho ou mão imortal cria
Tua terrível simetria?
De que abismo ou céu distante
Vem tal fogo coruscante?
Que asas ousa nesse jogo?
E que mão se atreve ao fogo?
Que ombro & arte te armarão
Fibra a fibra o coração?
E ao bater ele no que és,
Que mão terrível? Que pés?
E que martelo? Que torno?
E o teu cérebro em que forno?
Que bigorna? Que tenaz
Pro terror mortal que traz?
Quando os astros lançam dardos
E seu choro os céus põe pardos,
Vendo a obra ele sorri?
Fez o anho e fez-te a ti?
Tigre, tigre, chama pura
Nas brenhas da noite escura,
Que olho ou mão imortal cria
Tua terrível simetria?
(tradução: Vasco Graça Moura)
(William Blake. In: Laocoonte, rimas várias, andamentos graves)
quinta-feira, abril 17, 2008
William Blake - The Tyger IV
O Tygre
Tygre Tygre, brilho em chamas,
Na selva da noite inflama,
Que imortal mão forjaria
Tua terrível simetria?
Que distante abismo ou céu
Tocou fogo aos olhos teus?
Com que asas voar ousas?
Em que mão tua flama pousa?
E que braço, & arte estranha,
Trançaram tuas entranhas?
E ao bater teu coração,
Que pés cruéis? & cruéis mãos?
Com que malho? Que limalha
É tua mente na fornalha?
Que bigorna? Que alcance
Teu terror mortal alcança!
Ao descerem os céus suas lanças
E lágrimas qual criança:
Sorriu ele à sua obra?
Fez-te e ao Cordeiro em sobra?
Tygre Tygre, brilho em chamas,
Na selva da noite inflama,
Que imortal mão forjaria
Tua terrível simetria?
(tradução: Thiago Ponce de Moraes)
quarta-feira, abril 16, 2008
William Blake - The Tyger III
Tygre Tygre fogo ativo,
Nas florestas da noite vivo,
Que olho ou mão tramaria
Tua temível simetria?
Que profundezas, que céus
Acendem os olhos teus?
Aspirar quais asas ousa?
Qual mão em tua chama pousa?
Por que braço & que arte é feito
Cada nervo de teu peito?
E teu peito ao palpitar,
Que horríveis mãos? & pés sem par?
Que martelo? Que elo? Tua mente
Vem de qual fornalha ardente?
Qual bigorna? Que mão forte
Prende o teu terror de morte?
Quando as lanças das estrelas
Molharam o céu, ao vê-las:
Ele sorriu da obra que fez?
Quem fez o cordeiro te fez?
Tygre Tygre fogo ativo,
Nas florestas da noite, vivo,
Que olho ou mão tramaria
Tua terrível simetria?
(Tradução: Leonardo Gonçalves e Mário Alves Coutinho)
(William Blake. In: Canções da inocência e da experiência)
terça-feira, abril 15, 2008
William Blake - The Tyger II
O Tygre
Tygre, Tygre, viva chama
Que as florestas de noite inflama,
Que olho ou mão imortal podia
Traçar-te a horrível simetria?
Em que abismo ou céu longe ardeu
O fogo dos olhos teus?
Com que asas atreveu ao vôo?
Que mão ousou pegar o fogo?
Que arte & braço pôde então
Torcer-te as fibras do coração?
Quando ele já estava batendo,
Que mão & que pés horrendos?
Que cadeia? que martelo,
Que fornalha teve o teu cérebro?
Que bigorna? que tenaz
Pegou-te os horrores mortais?
Quando os astros alancearam
O céu e em pranto o banharam,
Sorriu ele ao ver seu feito?
Fez-te quem fez o Cordeiro?
Tygre, Tygre, viva chama
Que as florestas da noite inflama,
Que olho ou mão imortal ousaria
Traçar-te a horrível simetria?
.
(tradução: José Paulo Paes)
.
(William Blake. In: Gregos & Baianos - Ensaios)
segunda-feira, abril 14, 2008
William Blake - The Tyger I
Tygre! Tygre! Brilho, brasa
que a furna noturna abrasa,
que olho ou mão armaria
tua feroz symmetrya?
Em que céu se foi forjar
o fogo do teu olhar?
Em que asas veio a chamma?
Que mão colheu esta flamma?
Que força fez retorcer
em nervos todo o teu ser?
E o som do teu coração
de aço, que cor, que ação?
Teu cérebro, quem o malha?
Que martelo? Que fornalha
o moldou? Que mão, que garra
seu terror mortal amarra?
Quando as lanças das estrelas
cortaram os céus, ao vê-las,
quem as fez sorriu talvez?
Quem fez a ovelha te fez?
Tygre! Tygre! Brilho, brasa
que a furna noturna abrasa,
que olho ou mão armaria
tua feroz symmetrya?
(tradução: Augusto de Campos)
(William Blake. In: Viva Vaia (Poesia 1949-1979))
domingo, abril 13, 2008
sábado, abril 12, 2008
sexta-feira, abril 11, 2008
Hölderlin V
Terceira versão
Ó vozes do Destino, ó vias do Viandante!
Pois no azul da escola,
De longe, no bramir do céu
Soa como canto do melro
A afinação alegre das nuvens, bem
Afinada pela presença de Deus, a tempestade.
E apelos, como olhar pra longe,
Pra a imortalidade e os heróis;
Muitas recordações há. Quando a seguir
Ressoando, como pele de novilho
A Terra, desde devastações e tentações dos santos.
- Pois a princípio a obra se forma -,
Segue grandes leis, a Ciência
E a ternura e o largo céu parecendo depois
Puro invólucro, cantam nuvens canoras.
Pois firme é da Terra
O umbigo. É que cativas em margens de erva estão
As chamas e os universais
Elementos. Puro pensar porém no alto vive o Éter. Mas argêntea
Em dias puros
É a Luz. Como sinal de amor
Azul-violeta a Terra.
Pra o que é humilde pode também vir
Um grande começo.
Mas quotidianamente, ó maravilha!, por amor dos homens,
Deus traz um vestido.
E aos conhecimentos se oculta a sua face
E cobre os ares com arte.
E ar e tempo cobrem
O Terrível, para que nenhum por demais
O ame com preces ou
A alma. Pois longo tempo já está aberta
Como folhas, para aprender, ou linhas e ângulos
A Natureza.
E mais dourados os sóis e as luas,
Mas em tempos
Em que quer acabar a velha cultura
Da Terra, isto é: com histórias,
Evoluídas, corajosamente lutadas, como em alturas guia
Deus a Terra. Passos desmedidos
Limita-os ele porém, mas como flores de ouro
Se juntam então as forças da alma, os parentescos da alma,
Para que na terra prefira
Morar a Beleza e qualquer Espírito
Mais em comum se junte aos homens.
Doce é então morar sob as altas sombras
De árvores e colinas, ao sol, onde o caminho
Para a igreja é calcetado. Mas aos viajantes, a quem,
Por amor da vida, medindo-os sempre,
Os passos obedecem, florescem
Mais belos os caminhos, onde o campo
.............................
.............................
(tradução: Paulo Quintela)
(Hölderlin. In: Poemas)
quinta-feira, abril 10, 2008
Hölderlin IV
..... Suave irmã!
..... Onde irei buscar, quando for Inverno,
As flores, para tecer coroas aos deuses?
Então será, como se eu já não soubera do Divino,
..... Pois de mim terá partido o espírito da vida;
........ Quando eu buscar prendas de amor aos deuses,
........... As flores no campo escalvado,
............... E te não achar.
(tradução: Paulo Quintela)
(Hölderlin. In: Poemas)
quarta-feira, abril 09, 2008
Hölderlin III
E pouco saber, mas muita alegria
... É dada aos mortais,
Porquê, ó belo Sol, não me bastas tu,
... Ó flor das minhas flores! no dia de Maio?
... ... Que sei eu então de mais alto?
Oh, fora eu antes como as crianças são!
... Que eu, como os rouxinóis, cantasse
... ... A canção descuidada da minha delícia!
(tradução: Paulo Quintela)
(Hölderlin. In: Poemas)
terça-feira, abril 08, 2008
Hölderlin II
... Alto tu reinas no dia e a tua lei
... ... Floresce, tens na mão a balança, filho de Saturno!
... ... ... E reparte as sortes e ledo repousa
... ... ... ... Na glória das artes imortais do domínio.
... Mas dizem os Poetas que para o abismo
... ... O sacro Pai, o teu próprio, outrora
... ... ... Desterraste e que lá em baixo se chora,
... ... ... ... Onde os Indómitos estão justamente antes de ti,
... Inocente o deus da idade de ouro há já muito:
... ... Outrora sem custo e maior do que tu, embora
... ... ... Não tenha ditado nenhum mandamento
... ... ... ... E nenhum dos mortais por nome o nomeasse.
... Para baixo pois! ou não te envergonhes da gratidão
... ... E se queres ficar, serve ao mais velho
... ... ... E concede-lhe que antes de todos,
... ... ... ... Deuses e homens, o Poeta o nomeie!
... Pois, como das nuvens o teu raio, assim dele
... ... Vem o que é teu, olha! dá dele testemunho
... ... ... O que tu ordenas, e da paz
... ... ... ... De Saturno cresceu todo o poder.
... E quando eu no coração tiver algo de vivo
... ... Sentido e alvoreça o que tu formaste,
... ... ... E no seu berço tiver passado a dormir
... ... ... ... Em delícia o tempo mudável,
... Então eu te reconheço, ó Crónion! então te ouço, a ti
... ... Sábio mestre que, como nós, um filho
... ... ... Do Tempo, dás leis, e quanto
... ... ... ... O santo crepúsculo esconde, anuncias.
(tradução: Paulo Quintela)
(Hölderlin. In: Poemas)
segunda-feira, abril 07, 2008
Hölderlin I
Queridos Irmãos! talvez a nossa arte amadureça,
... Pois, como o jovem, há muito ela fermenta já,
... ... Em breve em beleza serena;
... ... ... Sede, então, devotos, como o Grego foi.
Amai os deuses e pensai nos mortais com amizade!
... Odiai a ebriedade como o gelo! Não ensineis nem descrevais!
... ... Se o mestre vos assusta,
... ... ... Pedi conselho à grande Natureza!
(tradução: Paulo Quintela)
(Hölderlin. In: Poemas)
sexta-feira, abril 04, 2008
Durante o recesso
Voltarei a andar com o blog diariamente; mas, antes, faço este resumo. A partir de segunda, torno a trazer algumas inquietações (venho com Hölderlin).
Então:
1)
Antologia da Poesia Brasileira do Início do Terceiro Milénio (editora 07 Dias, 06 Noites), organizada pelo poeta Claudio Daniel.
[Adriana Zapparoli, Ana Maria Ramiro, André Dick, Andréa Catrópa, Daniel Sampaio, Danilo Bueno, Delmo Montenegro, Diego Vinhas, Donny Correia, Douglas Diegues, Eduardo Jorge, Leonardo Gandolfi, Marília Kubota, Micheliny Verunschk, Nicollas Ranieri, Simone Homem de Mello, Thiago Ponce de Moraes e Virna Teixeira]
-> quem quiser adquirir pode escrever um e-mail para o editor André Sebastião - info@7dias6noites.com
2)
Para ver as fotos: http://www.confrariadovento.com/editora/fotos08.htm
Para ler a revista, que está impressionante: www.revistaconfraria.com
3)
Traduções da poeta norte-americana (estadunidense, se preferirem) Emily Dickinson, na Revista Zunái #14.
http://www.revistazunai.com.br/traducoes/emily_dickinson.htm
4)
Resenha sobre o Imp., por Beatriz Bajo, no site Armadilha Poética.
http://www.armadilhapoetica.com/arq.php?db=literatura&tab=res&id=22
5)
Colaboração na Revista Literária Abrelatas, editada por poetas e escritores do Sul: Bárbara Lia; Gustavo Soares de Lima; Leonardo Meimes; Wagner Lemos.
O primeiro número da revista contou com diversos escritores, poetas e ilustradores de várias partes do Brasil. A edição pode ser "baixada" no site da editora.
[Adriano Esturilho; Alex da Silva Martire; Ana Guimarães; Andrei Vasquez; Andréia Donadon Leal; Antonio Carlos Floriano; Beatriz Bajo; Benjamin Marchi; Candido Rolim; Carlos Emilio C Lima; Claudinei Damasceno Romão; Cláudio B Carlos; Eduardo Lacerda; Fabrício Marques; Fernando Aguiar; Geruza Zelnys; Giovana Bonifácio; J T Parreira; James W Holloway; Jocelyn Pantoja; Joel Flores; Juan Fiorini; Karen À. Villeda; Leonardo Meimes; Luis Serguilha; Mario Mariones; Me Morte; Nelson Marzullo Tangerini; Rafael Nunes Cerveglieri; Rafael Pereira; Raimundo de Souza; Raul Koliev; Ricardo Araújo; Rogério Santos; Ruben Ygua; Thiago Ponce de Moraes]
Site: http://www.editorainverso.com/
Revista: http://www.editorainverso.com/files/abrelatas_01.pdf
terça-feira, abril 01, 2008
Revista Confraria # 19
NÚMERO 19
Victor Paes