sexta-feira, dezembro 28, 2007

Chuva


Oswaldo Goeldi, 1957

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Eyes in the heat


Jackson Pollock, 1946

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Poesia americana - Los atletas cosmicos


Salvador Dali, 1943

terça-feira, dezembro 25, 2007

Maya y la muñeca

Pablo Picasso, 1938

segunda-feira, dezembro 24, 2007

La modèle rouge


René Magritte, 1935

sábado, dezembro 22, 2007

Ou o pensamento contínuo

O escritor Marcelo Ariel, de Santos, escreveu suas impressões sobre o Imp. no blog - Ou o pensamento contínuo.

Para lerem os comentários do Ariel, terrorista literário que almeja ser enterrado com sua AR-15, vejam aqui: comentário sobre o Imp..


Agradeço ao Marcelo Ariel pela leitura atenta e crítica - bem como pela movimentação e articulação séria no que costumamos chamar de "cena contemporânea de poesia brasileira".

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Zero Dollar


Cildo Meirelles, 1978

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Fernando Pessoa IV

ESTA ESPÉCIE de loucura
Que é pouco chamar talento
E que brilha em mim, na escura
Confusão do pensamento,

Não me traz felicidade;
Porque, enfim, sempre haverá
Sol ou sombra na cidade.
Mas em mim não sei o que há.


(Fernando Pessoa. In: Cancioneiro)

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Fernando Pessoa III

HÁ DOENÇAS piores que as doenças,
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.
Há tanta cousa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.

Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.


(Fernando Pessoa. In: Cancioneiro)

terça-feira, dezembro 18, 2007

Fernando Pessoa II

QUEM BATE à minha porta
Tão insistentemente
Saberá que está morta
A alma que em mim sente?

Saberá que eu a velo
Desde que a noite é entrada
Com o vácuo e vão desvelo
De quem não vela nada?

Saberá que estou surdo?
Porque o sabe ou não sabe,
E assim bate, ermo e absurdo,
Até que o mundo acabe?


(Fernando Pessoa. In: Cancioneiro)

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Fernando Pessoa I

Isto

DIZEM que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!


(Fernando Pessoa. In: Cancioneiro)

sábado, dezembro 15, 2007

Revista Unisinos

Amigos,

Saíram, por esses dias [03.12.07], na Revista da Unisinos, um texto de André Dick sobre o Imp. e dois poemas inéditos meus.

Para irem direto ao ponto, cliquem aqui: A si disseste enquanto nada e Detalhe de 1849: um outro outubro.


Meus agradecimentos ao André, que com muito empenho vem organizando a seção de poesia desta Revista, e que muito gentilmente me convidou a publicar dois novos poemas.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Emily Dickinson IV

449

Morri pelo Belo – mas mal
Ajustara-me à Tumba
Quando Um que se foi por Verdade
Pôs-se comigo junto –

Doce indagou “Por que morreu?”
“Pelo Belo”, falei –
“E eu – por Verdade – que é o Mesmo –
Irmãos, somos”, me disse –

E então, qual Parentes, à Noite -
Falávamos das Tumbas -
Até que o Musgo nos beijando –
Cobrisse-nos - os nomes -


(tradução: Thiago Ponce de Moraes)


I died for Beauty – but was scarce
Adjusted in the Tomb
When One who died for Truth, was lain
In an adjoining room –

He questioned softly "Why I failed"?
"For Beauty", I replied –
"And I – for Truth – Themself are One –
We Brethren, are", He said –

And so, as Kinsmen, met a Night –
We talked between the Rooms –
Until the Moss had reached our lips –
And covered up – our names –


(Emily Dickinson. In: The Complete Poems of Emily Dickinson)

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Emily Dickinson III

441

Eis minha carta ao Mundo
Que nunca Me anotou –
Simples Novas que a Natureza –
Com Alteza contou

Eu não vejo a que Mãos
Sua Mensagem é dada –
Por Seu amor – Doces – cidadãos –
A Mim – julgais afáveis


(tradução: Thiago Ponce de Moraes)


This is my letter to the World
That never wrote to Me –
The simple News that Nature told –
With tender Majesty

Her Message is committed
To Hands I cannot see –
For love of Her – Sweet – countrymen –
Judge tenderly – of Me


(Emily Dickinson. In: The Complete Poems of Emily Dickinson)

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Emily Dickinson II

1052

Eu nunca vi um Urzal –
Eu nunca vi o Mar –
Mas já sei eu como é a Urze –
E o que é um Ondear.

Nunca falei com Deus
Nem visitei os Céus –
Mas sei chegar ao sítio Teu
Qual Mapa eu tivesse –


(tradução: Thiago Ponce de Moraes)


I never saw a Moor –
I never saw the Sea –
Yet know I how the Heather looks
And what a Billow be.

I never spoke with God
Nor visited in Heaven –
Yet certain am I of the spot
As if the Checks were given –



(Emily Dickinson. In: The Complete Poems of Emily Dickinson)

terça-feira, dezembro 11, 2007

Emily Dickinson I

278

Um amigo sombrio – para dias Ardentes –
Acha-se mais facilmente –
Que um de temperatura alta
Para Frígidas – horas da Mente –

O Cata-vento logo ao Leste –
Espanta as almas dos Tecidos – para longe –
Se os Corações de Lã são mais fortes –
Que aqueles de Algodão –

Culpar a quem? Ao Tecelão?
Oh, mal comportados fios!
As Tapeçarias do Paraíso
Estão prontas – não notadamente!


(tradução: Thiago Ponce de Moraes)


A shady friend – for Torrid days –
Is easier to find –
Than one of higher temperature
For Frigid – hour of Mind –

The Vane a little to the East
Scares Muslin souls away
If Broadcloth Hearts are firmer
Than those of Organdy

Who is to blame? The Weaver?
Ah, the bewildering thread!
The Tapestries of Paradise
So notelessly are made!


(Emily Dickinson. In: The Complete Poems of Emily Dickinson)

domingo, dezembro 09, 2007

Frase da página 161

É assim:

1 - procurar um livro próximo;
2 - abri-lo na página 161;
3 - procurar a quinta frase completa;
4 - postá-la no seu blog;
5 - não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6 - repassar a outros cinco blogs.


Repasso, pois, ao Baião, ao Ricardo, ao Edu, ao Márcio-André e ao Daniel.


Abri a Obra poética do Pessoa, que sempre está em cima do computador. E na página 161, no livro Cancioneiro, a quinta frase completa é uma estrofe toda:


QUEM BATE à minha porta
Tão insistentemente
Saberá que está morta
A alma que em mim sente?


(In: Obra Poética. Fernando Pessoa)

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Duch Wody


Alfred Kubin, 1905

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Os latinos IV - Horácio

......Aere Perennius


......Ergui um monumento
mais duradouro que o bronze, mais soberbo
que o régio vulto das pirâmides, alheio
ao vento, à chuva, à sucessão sem fim dos anos,
......ao tempo em sua fuga.


......Não morrerei de todo:
parte de mim há de evadir-se aos ritos fúnebres.
Crescerei, sempre novo, com o louvor futuro,
enquanto ao Capitólio ascendam o pontífice
......e a virgem silenciosa.


......Eu que de pais humildes
nasci onde violento o Áufidio estrondeia
e Dauno sobre povoações de agricultores
reinou escasso de águas, eu serei famoso:
......sim, hão de celebrar-me


......por ter sido o primeiro
a usar o metro eólio na poesia itálica.
Não escondas, ó Musa, o orgulho que te cabe
por teu merecimento, e cinge minha fronte
......com os louros de Delfos.


(tradução: Péricles Eugênio da Silva Ramos)


(Horácio. In: Poesia grega e latina)

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Os latinos III - Petrônio

O verdadeiro prazer


Grosseiro e rápido, o prazer da união
enfara-se de Vênus mal chegada ao termo.
Não vamos pois, como animais libidinosos,
acometê-lo cegos e precípites,
que o amor assim languesce e morre a sua flama.
Mas antes, antes, num feriado interminável,
fiquemos a beijar-nos sobre o leito!
Não haverá cansaço nem rubor;
isso nos agradou, agrada e agradará;
isso jamais termina, é um começar sem fim.


(tradução: Péricles Eugênio da Silva Ramos)


(Petrônio. In: Poesia grega e latina)

terça-feira, dezembro 04, 2007

Os latinos II - Ovídio

O poder da poesia


Eu, o poeta que escrevo enamorado, Ovídio,
eu que nasci na úmida terra dos pelignos,
estes versos compus, que assim Amor mandou:
longe de mim, longe de mim, ó vós, austeras!
Não sois a boa audiência para ternos cantos.
Leiam-me a virgem que se inflama ao ver o noivo
e o jovem que só agora conheceu o amor.
Que alguém, ferido pela mesma seta que eu,
pelos vestígios sua chama reconheça
e diga, surpreendido: .... "Como foi que o poeta
veio a saber destes meus casos?"
.............................................. Eu ousava
- recordo-me - narrar as guerras celestiais
e Giges de cem mãos, e voz não me faltava
para dizer de como Tellus se vingou
e Pélion e Ossa vieram a cair do Olimpo.
Nuvens eu tinha em mãos, e o raio com que Júpiter
defenderia os céus.
......................... Portas me fecha a amada:
largo Jove e seu raio, que me saem do espírito.
Perdão: não me serviam, Júpiter, teus raios.
às meiguices voltei e às leves elegias,
que são as minhas armas, e as palavras doces
amoleceram logo a dura porta.
....................................... Os versos
fazem descer os cornos da sangrenta Lua
e recuar os corcéis do Sol, brancos de neve;
o canto esmaga a fauce aberta da serpente
e faz retroceder à fonte a água corrente.
Com os meus versos cedeu a porta; e a fechadura,
em carvalho encaixada embora, foi vencida.
Que me diria o ágil Aquiles, se o cantasse?
Que me adviria de qualquer dos dois Atridas?
Do que errou tantos anos quantos combateu,
e de Heitor que arrastaram os corcéis de Hermônia?
Mas se canto a beleza de uma terna jovem,
como preço do poema ela procura o vate:
eis uma digna recompensa. Adeus, heróis
de ilustres nomes: vossa paga não me serve.
Formosas jovens, vós porém lançai o olhar
sobre estes poemas que me dita o Amor purpúreo.


(tradução: Péricles Eugênio da Silva Ramos)


(Ovídio. In: Poesia grega e latina)

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Os latinos I - Catulo

.....Vivamos, minha Lésbia


.....Vamos viver e amar-nos, minha Lésbia,
.....sem atribuir o mínimo valor
.....aos múrmurios de anciães os mais severos.
.....Os sóis podem morrer e retornar;
.....mas quando morre a nossa breve luz
.....dormimos uma só e perpétua noite.
.....Dá-me pois beijos mil, mais cem depois,
.....logo mil outros, e um segundo cento,
.....em seguida outros mil, mais cem depois.
.....Quando o número andar por muitos mil,
.....melhor é não saber, perder a conta:
.....assim ninguém nos dará azar, de inveja,
.....sabendo quantos beijos nós trocamos.


(tradução: Péricles Eugênio da Silva Ramos)


(Catulo. In: Poesia grega e latina)

sábado, dezembro 01, 2007

Fabeltier


Alfred Kubin, 1905-1906